CPMI do Cachoeira ainda tem "muito lixo" para investigar, afirma senador

Agência Senado
11/10/2012 às 08:23.
Atualizado em 22/11/2021 às 02:00
 (Waldemir Barreto/Agência Senado)

(Waldemir Barreto/Agência Senado)

Em pronunciamento na quarta-feira (10), o senador Pedro Taques (PDT-MT) voltou a defender a prorrogação dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira. Ao lado do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), ele iniciou a coleta de assinaturas para apresentação de um requerimento com esse objetivo. Durante a sessão plenária, os senadores Roberto Requião (PMDB-PR), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Alvaro Dias (PSDB-PR) prometeram assinar o documento.

Taques reiterou a importância da CPMI em andamento ao elogiar os rumos dados pelo Supremo no julgamento da Ação Penal 470, sobre o escândalo do mensalão, que, conforme lembrou Taques, foi investigado na CPMI dos Correios. Na avaliação do senador, as investigações sobre a empreiteira Delta e as relações de Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados podem avançar.

"Não prorrogar os prazos é enganar os cidadãos. Hoje temos condições de chegar até os financiadores das campanhas eleitorais", observou o senador, que mencionou a existência de "lixo podre e fedendo" a ser analisado pela comissão.

"Foi afastado o sigilo da Delta, restou comprovado que milhões de reais, quase R$700 milhões, foram para pessoas jurídicas fantasmas, empresas laranjas. E agora nós pedimos o afastamento da quebra do sigilo bancário dessas pessoas jurídicas de fachada, pessoas jurídicas que só existem para praticar crimes", defendeu o parlamentar.

A manifestação de Taques foi apoiada pelos senadores Tomás Correia (PMDB-RO), Ana Amélia (PP-RS) e Alvaro Dias (PSDB-PR), que também pediram o aprofundamento das investigações.

"Nós não podemos admitir nem sequer discutir o encerramento dessa Comissão, porque ela não cumpriu ainda o seu dever", disse o líder do PSDB no Senado.


Mensalão

Ao comentar a decisão do STF de condenar por corrupção ativa, os petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, o senador elogiou a atuação dos ministros do Supremo. Na avaliação do parlamentar, o julgamento demonstra a superação no Brasil de um “coronelismo personalista” em que as elites econômicas e políticas se colocavam acima do homem comum e das leis.

"O mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e desvio de dinheiro público flagrado no Brasil vai recebendo uma resposta merecida", afirmou Taques.

Ele sublinhou a gravidade do escândalo do mensalão.

"Comprar voto de parlamentar é comprar consciência. É a mesma coisa de comprar uma decisão judicial. É comprar a vontade do cidadão expressa na verdade das urnas, que nos manda para esta Casa e para a Casa aí do lado", disse.


Mensalão mineiro

Em aparte, a senadora Ana Amélia também destacou a contribuição da CPMI dos Correios no processo e apontou que as instituições saem fortalecidas desse processo.

"É gratificante para os cidadãos e cidadãs, neste país, verificar a forma como esses ministros estão agindo e agiram na conclusão dos trabalhos, quando não se acreditava que este processo fosse dar algum resultado", observou a senadora.

Apesar de concordar com a condenação dos líderes petistas, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), em aparte, disse que a compra de votos de parlamentares teve origem no mensalão do PSDB mineiro.

"Se o mensalão do PSDB tivesse sido punido não teria havido mensalão do PT, porque o PT acabou instrumentando os mesmos malandros que compravam votos na reeleição do Fernando Henrique", disse.

Para Taques, no entanto, o que interessa são os fatos, não os partidos envolvidos.

"Não podemos argumentar que um caso não foi julgado para não julgar outro", observou o senador.

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