Braço direito da democracia

De iniciantes a veteranos: 'batalhão' recorde de mesários faz eleição acontecer em Minas

Raíssa Oliveira
raoliveira@hojeemdia.com.br
Publicado em 01/10/2022 às 16:00.

A estudante de fisioterapia Letícia de Oliveira Magnavita, de 20 anos, estreia como eleitora e como mesária (Valéria Marques)

Você quer trabalhar como mesário nas eleições? "De jeito nenhum", é a maioria das respostas dadas a essa pergunta. No entanto, neste ano, o número de mesários voluntários surpreendeu e Minas tem recorde de pessoas selecionadas para atuar em 2 de outubro. Entre os escolhidos, jovens, idosos, deficientes, pessoas que adotaram o nome social e que entendem estar cumprindo um importante papel para o andamento do maior evento da democracia brasileira: o voto.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), somente em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral do país, serão quase 200 mil pessoas atuando espontaneamente ou por convocação - maior número de mesários já registrados no Estado.

Em Belo Horizonte, são mais de 18 mil pessoas atuando nas seções, desses 77% se voluntariaram e outros 23% foram convocados. 

É o caso da estudante de fisioterapia Letícia de Oliveira Magnavita, de 20 anos. Ela estreia como eleitora e, de quebra, como mesária em um colégio da região Nordeste de Belo Horizonte. A jovem faz parte do batalhão de cerca de 2 milhões de pessoas que vão trabalhar nas seções eleitorais de todo o país. 

"É muito legal saber que estou fazendo parte da organização deste processo democrático. Ainda mais em uma eleição tão importante para o Brasil", comemora.

Letícia foi chamada pelo Tribunal Regional Eleitoral em Minas (TRE-MG) já em sua primeira eleição para atuar como mesária. "Foi uma surpresa receber a convocação. Não foi uma ação voluntária porque recebi uma convocação por e-mail, se não me engano foi em julho ou no início de agosto. Nunca tive a intenção, até porque essa é minha primeira eleição, mas agora eu já me acostumei com a ideia e tô querendo ir", brinca. 

A estudante de fisioterapia se diz feliz em poder ajudar para que a eleição de 2022 ocorra. Para ela, o apoio às eleições fortalece a democracia. "Principalmente como mulher. As eleições são caminhos que nós, como sociedade, temos a oportunidade de mostrar o poder popular e de nos fazer representados em diferentes instâncias do poder público. (Ser mesário) é essencial na garantia da segurança e da transferência nas eleições e para o sucesso na realização da votação", diz a estudante. 

Exemplos de jovens, como Letícia, atuando nas eleições se repetem em todo o país. Somente em Minas, são mais de 3,6 mil mesários menores de 20 anos inscritos. Na capital mineira o número é de 275 mesários nessa faixa etária.

Segundo o TSE, no entanto, o perfil dos mesários que irão trabalhar nas eleições de 2022 é composto por uma maioria de solteiros, com ensino superior completo, entre 35 e 39 anos e mulheres. 

Veteranos 

Por outro lado, há também muitos veteranos que trabalham há anos nas eleições e garantem que atenderão a mais um chamamento da Justiça Eleitoral. O bancário Alex Soares Ferreira, de 41 anos, é uma dessas pessoas. 

"Já são 16 anos de mesário voluntário. Já fui secretário e há dez anos sou presidente da mesa e quero continuar. É um sentimento de satisfação servir a Pátria e participar deste momento tão importante numa democracia. O serviço é importante para garantir a transparência e segurança das eleições", afirma. 

A psicóloga Circe Torres, de 51 anos, também colabora com o processo eleitoral e é mesária voluntária há dez anos - atual coordenadora de prédio. Ela reconhece a importância desse trabalho. "Tenho a sensação de trabalhar para o efetivo exercício do processo democrático. Uma situação é ouvir e saber a respeito de todos os processos, outra situação é ter a oportunidade de vivenciar desde o momento da chegada da urna ao local até a saída com repasse ao cartório. Sempre exerci com prazer todas as funções que atuei. Afinal, é mais um ato de cidadania", comemora.

Através de sua experiência nas eleições, Circe garante a segurança do modelo eleitoral brasileiro. "Esse modelo de eleição no Brasil, além de ser pioneiro, é muito seguro e sigiloso, portanto, as pessoas podem se expressar. No domingo chegamos mais cedo para receber as urnas e os cadernos com os nomes dos eleitores. As urnas são escoltadas pela polícia, que também recolhe ao final do processo", ressalta.

Função

Dentre outras funções, neste ano, os mesários ficarão responsáveis por fiscalizar o eleitor para que ele entregue o celular antes de ir para a cabine de votação. Mesma medida é adotada para pessoas com porte de arma de fogo – exceto para integrantes das forças de segurança.

Além de colaborar com a democracia, os mesários voluntários recebem diversos benefícios,  como contagem dos dias trabalhados como horas complementares em cursos universitários, desempate em concursos públicos, além de dois dias de folga no trabalho, se concluir o treinamento.  

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