O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares despistou a imprensa e entregou-se na direção da Polícia Federal em Brasília. Ele era esperado na Superintendência do órgão, que fica no final da Asa Sul da capital.
Assim, toda a antiga cúpula do PT no primeiro governo Lula está presa. Ao fugir da imprensa, Delúbio distanciou-se da atitude desafiadora de seus ex-chefes José Dirceu e José Genoino, que posaram para fotos com punhos cerrados antes da prisão ontem.
Apenas o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato ainda não se entregou. A inteligência da Polícia Federal iniciou o trabalho de rastreamento. A Interpol está em contato com autoridades italianas para confirmar se Pizzolato teria se refugiado no país. A PF recebeu informação de que ele teria viajado para a Itália há 45 dias.
No prédio da direção da PF, em Brasília, a informação na portaria é de que Delúbio chegou por volta das 10h30. Ele foi condenado a 8 anos 11 meses por participação no mensalão, mas cumprirá inicialmente em regime semiaberto a pena de 6 anos e 8 meses por corrupção ativa.
Sua condenação por formação de quadrilha será alvo de um novo julgamento no ano que vem, quando serão analisados os recursos chamados embargos infringentes. Se for mantida sua pena, ele deverá ir para o regime fechado - destinado a penas superiores a oito anos.
Prisões de sexta-feira
Na sexta-feira (15) a Polícia Federal iniciou a prisão dos 12 primeiros condenados por participação no maior escândalo de corrupção da história do país. Minutos após receber os mandados, a PF começou a dar ordem de prisão aos mensaleiros, que começaram a se entregar.
Além de Delúbio Soares, mais dez condenados se entregaram até o momento à Polícia Federal. São eles: o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, o ex-presidente do PT, José Genoino, os ex-dirigentes do Banco Rural, Kátia Rabello e José Roberto Salgado, o empresário Marcos Valério, seus sócios Cristiano Paz e Ramon Hollerbach, a ex-gerente da SMPB, Simone Vasconcelos, o ex-deputado federal Romeu Queiroz e o ex-assessor parlamentar Jacinto Lamas.
Ainda precisa ser cumprido o mandado de prisão do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, no Rio de Janeiro, mas Pizzolato tem paradeiro desconhecido.
Em Belo Horizonte
Em Minas, o primeiro a se entregar foi Cristiano Paz. Ele chegou em um BMW preto com os vidros fechados. O empresário iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. Ele está condenado a 23 anos, 8 meses e 20 dias, pena que pode aumentar se não conseguir a revisão criminal.
Também em um BMW preto chegou Simone Vasconcellos, pouco depois das 18h, junto com seu advogado, Leonardo Isaac Yarochewsky. Simone foi condenada a uma pena de 12 anos, sete meses e 20 dias de prisão. No entanto, como ainda tem embargos infringentes, sua pena já definida é de 9 anos e 8 meses de prisão.
Romeu Queiroz também se entregou na capital. Ele está condenado a 6 anos e 6 meses de prisão e ficará, inicialmente, no semiaberto.
Pouco antes das 19 horas, a PF recebeu Kátia Rabello. Ela já tem condenação a 14 anos e 5 meses, que pode aumentar caso não consiga a revisão do julgamento através dos embargos infringentes. Seu regime inicial é o fechado.
O quinto a se entregar foi Marcos Valério, condenado a mais de 38 anos, que pode passar de 40 anos sem a revisão criminal. Seu sócio Ramon Hollerbach entrou no início da noite. Sua pena, até aqui, é de mais de 27 anos. Eles iniciam o cumprimento no regime fechado.
O último a se apresentar, pouco depois de 22h30, foi o ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado.
Os sete presos em Bh, antes de embarcarem no aeroporto da Pampulha em avião da PF, passarão pelo IML (Instituto Médico Legal) para fazer exame de corpo de delito. Esse procedimento é um padrão adotado pela PF, mesmo estando os presos acompanhados por seus advogados no momento das apresentações.
* Com informações de Tatiana Moraes e Ricardo Corrêa do Hoje em Dia e Folhapress