A presidente Dilma Rousseff e comitiva foram alvo de protestos quando deixavam, em comboio, a Blair House, residência de hóspedes oficiais do governo norte-americano, em direção a um jantar na Casa Branca. "Fora Dilma. Fora Lula. Fora PT", gritavam quatro manifestantes, posicionados atrás de grades de isolamento, a mais de cem metros de distância. Pouco antes, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também ouviu as manifestações enquanto aguardava o restante da comitiva. Demonstrando contrariedade, acenava negativamente com a cabeça.
O jantar na Casa Branca foi o segundo compromisso de Dilma em Washington. Ela realiza uma visita de Estado a convite de Obama. A visita oficial deveria ter ocorrido em outubro de 2013, mas foi cancelada por Dilma depois da revelação do esquema de espionagem envolvendo a NSA, a agência de segurança nacional dos Estados Unidos.
Em um compromisso que não constou da agenda oficial dos dois presidentes, Dilma foi recebida por Obama na Casa Branca, e, em seguida, os dois seguiram no mesmo carro para uma rápida visita ao memorial de Martin Luther King, que durou menos de dez minutos. O memorial teria sido escolhido para abrir a visita oficial porque Luther King lutou por igualdade, justiça, no combate ao racismo e à intolerância, valores compartilhados pelos dois países.
Dilma saiu cerca de dez minutos atrasada para o jantar, que foi servido no salão azul da Casa Branca. No cardápio, entrada de tomates, mussarela e manjericão e brusqueta de berinjela. Foi servido ainda salada de espinafre, carneiro grelhado com cuscuz de couve-flor grelhada. A sobremesa foi bolo de banana e coco com sorvete de café, regado a vinhos tinto e branco. Pelo menos oito ministros acompanharam Dilma no jantar: Mauro Vieira (Relações Exteriores), Jaques Wagner (Defesa), Joaquim Levy (Fazenda), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Kátia Abreu (Agricultura), Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aldo Rebelo (Ciência e Tecnologia).
Nesta terça-feira, 30, o primeiro compromisso de Dilma será às 10 horas, quando se reúne com Barack Obama, no salão Oval, tira fotos e inicia sessão de trabalho. A visita à Washington é uma tentativa do governo de reverter a onda de más notícias e emplacar fatos positivos. A previsão é de que 15 acordos de cooperação sejam assinados em áreas como previdência, meio ambiente, educação, agricultura e defesa. Está previsto, inclusive, um acordo que prevê a exportação de carne bovina in natura brasileira ao mercado norte-americano. No ano passado, esse comércio foi de apenas US$ 95 mil. O encontro já será realizado sob a boa notícia anunciada nesta segunda-feira, de que os Estados Unidos liberaram a importação de carne in natura de 14 Estados do Brasil.
Com a visita, o setor privado, por sua vez, espera que o Planalto e a Casa Branca iniciem as discussões a respeito de um acordo de livre comércio e para acabar com a dupla tributação.