(Ricardo Bastos)
O presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp, marcou para a próxima semana, após o feriado, uma conversa com o presidente estadual do partido, ex-ministro Antônio Andrade, e o presidente do diretório de Belo Horizonte, deputado Leonardo Quintão, para resolver o racha na legenda. Raupp nega que a Executiva Nacional possa vir a tomar alguma atitude impositiva e diz prezar pelo “diálogo” e pela “decisão local”.
Paralelo a isso, Quintão ameaça entrar com outra representação na Justiça para pedir o restabelecimento do diretório municipal do PMDB, de onde foi afastado por Andrade na última sexta-feira.
Já Andrade chegou a defender a saída do deputado federal do PMDB. Ele nega que haja um prazo fixado para Raupp dar a resposta. Quintão foi quem pediu o prazo desta semana para a resposta do senador, que no entanto, não irá cumpri-lo.
“Leonardo não soma nada ao partido. Ele não deixou o PMDB ainda não sei por quê. Se ele quiser deixar, fará um favor”, disparou Andrade. “Eu nem tive reunião com o Raupp ainda, não tem essa coisa de prazo, vamos conversar. O grupo de Quintão estava no comando de BH mas nem reunião faziam”, afirmou.
Nesse jogo, estão, de um lado, o possível interesse de Andrade em ser vice do pré-candidato do PT, Fernando Pimentel, na disputa pelo governo de Minas, e o de Quintão, na tese de candidatura própria e de uma aproximação da sigla com o PSDB.
“Estou tentando marcar uma conversa entre os dois na semana que vem, vou apenas intermediar. Já tenho falado com Andrade, mas vou viajar nesta quinta-feira (17) à noite. O que posso dizer é que a decisão para essa questão tem que ser local e que os dois, como mineiros, têm que se entender. Na maioria das vezes que optei pelo diálogo, deu certo”, afirmou Raupp ao Hoje em Dia. Ele evitou comentar sobre a prerrogativa ou não de Andrade em afastar Quintão da presidência municipal.
Na última semana, Quintão recorreu a Valdir Raupp para pedir a restituição de seu posto e entrou com ação na Justiça pedindo a anulação da intervenção do PMDB de BH. Segundo ele, o setor jurídico do PMDB estadual entende que Andrade não teria base legal para afastá-lo do diretório municipal. Sobre a provocação de Andrade de deixar o partido, o deputado diz que não pretende sair do PMDB.
“Procurei o senador e ele me pediu um prazo para analisar o caso e intermediar a situação. Eu que disse que não poderia ultrapassar esta semana e mostrei que o jurídico não deu justificativa legal para esse gesto de Andrade. Foi um ato político”, comentou. “E o Raupp entendeu que não poderia haver ‘desafetação’, mas ele, enquanto presidente do partido, me disse que defende o diálogo”, completou.
Ainda de acordo com Quintão, Andrade deve se licenciar do cargo de presidente, caso saia como vice de Pimentel na disputa pelo Palácio Tiradentes, em vez de “usar o partido”.