A disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte em 2016 promete ter importância para o cenário político nacional como jamais visto. Se as opções na urna poderão até soar como novidade para o eleitor belo-horizontino, a composição dos candidatos e, consequentemente, o resultado das eleições reservam uma guerra entre os principais nomes do Estado, cada um com ambições em Brasília – o governador Fernando Pimentel (PT), o senador Aécio Neves (PSDB), o prefeito Marcio Lacerda (PSB), e o PMDB.
Cada uma das forças enxerga na Prefeitura de BH o passaporte ideal para as respectivas ambições em 2018. Pimentel, em meio a uma crise nacional do PT, pode emplacar o governo mineiro, berço político de Aécio Neves, e a PBH em dois anos, se tornando o candidato ideal para a eleição presidencial, principalmente se o cenário não estiver propício para o ex-presidente Lula.
Já Lacerda tem a prova de fogo para afastar o estigma de ter sido sustentado pela dobradinha Aécio-Pimentel e se consolidar de vez para a disputa do Senado ou até mesmo governo de Minas em 2018. Por fim, o PMDB de BH quer pegar carona no movimento nacional do partido, que virou protagonista da política nacional, aproveitando nomes de relevância local.
Acirramento
“Para enfrentar o PSDB paulista, Aécio tem que voltar as forças para Minas, já que o partido tem apenas duas das 20 maiores prefeituras”, diz o consultor de marketing eleitoral Hye Ribeiro. “O PT precisará driblar a má avaliação do governo federal para retomar a capital, já que perdeu o controle ao apoiar Lacerda”, afirma a professora do Departamento de Ciências Políticas da UFMG Helcimara Telles.
Mesmo longe até mesmo de ter o chamado candidato natural (leia mais na página 6), o PSDB já dá como certa a coligação com o PSB. “A chave da vitória será o entendimento com o prefeito (Marcio Lacerda). Já apoiamos o PSB duas vezes e achamos muito importante que o candidato seja do PSDB”, adiantou o presidente do partido em Minas, deputado federal Marcus Pestana.
No entanto, nem mesmo a definição do apoio será simples. “A gente não dá como certa a coligação com ninguém. A tendência é apresentar candidato próprio. Diante da fusão com PPS, a disputa ganha outra conotação”, diz o presidente estadual do PSB, deputado federal Júlio Delegado, que já entrou em rota de colisão com Lacerda em algumas ocasiões.
Na próxima semana, o PT planeja se reunir com a direção do PMDB para tentar aproximar uma coligação para 2016. “Vamos evitar ao máximo o confronto com os partidos que foram base da campanha do Pimentel (PMDB, PCdoB, PROS e PRB). Se não for possível, que ao menos deixemos encaminhada a aliança para o 2º turno”, diz Durval Ângelo, líder do governo na Assembleia.
Por enquanto, no discurso, os peemedebistas descartam abrir mão da candidatura própria. “Qualquer projeto político do PMDB passa pela PBH”, diz o presidente estadual do partido, Antônio Andrade.
Por fim, ainda pelo PT, existe o grupo liderado por Patrus Ananias, composto pelo secretário de Trabalho e Desenvolvimento Social, André Quintão, e Roberto Carvalho, entre outros. Apesar de derrotado em 2012, Patrus teve 523 mil votos e foi disparado o mais votado em BH em 2014 entre deputados federais e estaduais, com 80 mil votos. No entanto, há um desgaste desse grupo em detrimento aos aliados de Pimentel e, nos bastidores, Patrus já teria descartado uma possível candidatura.
“Patrus é ministro, então vai depender como estará a situação do segundo mandato da Dilma, muito mal avaliado até o momento. Não sei se teria sucesso”, diz a professora de Ciências Políticas da UFMG Helcimara Telles.
Os aliados também consideram um risco desnecessário um ex-governador bem avaliado e senador perder uma disputa municipal. “Ter cadeira no Senado é importante, lembrando que o suplente do Anastasia não é do PSDB, é Alexandre Silveira, do PSD”, lembra o cientista político Malco Camargo.
Anastasia fora do baralho, surge como favorito João Vitor Xavier, eleito deputado estadual com 31 mil votos em BH no ano passado, e que alcançaria um público mais humilde por sua popularidade na rádio Itatiaia. Dentro do partido, os concorrentes seriam o deputado federal Rodrigo de Castro, filho do ex-secretário de Governo de Aécio Neves, Danilo de Castro, e, mais enfraquecido, o deputado estadual João Leite.
PSB e PMDB
Provavelmente o nome mais relevante hoje é Dinis Pinheiro (PP). Presidente da Assembleia mineira no último mandato, Pinheiro sacrificou-se pelo PSDB, em 2014, avaliam tucanos, quando foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Pimenta da Veiga. Uma forma de pagar a dívida seria lançar o ex-presidente da ALMG como cabeça em uma coligação entre PSDB e PSB.
Luzia Ferreira, hoje no PPS, também aparece com força no provável acordo entre Aécio e Lacerda. Com a fusão PPS-PSB, a ex-secretária municipal de Governo nem precisaria trocar de legenda.
Soma forte
Com menos força, aparecem nomes como o vice-prefeito Délio Malheiros (PV), o deputado federal Eros Biondini (PTB) e o deputado estadual Fred Costa (PEN), o segundo mais votado na capital em 2014 – 35 mil.
Outros dois radialistas são citados como fortes postulantes à PBH: o deputado estadual João Vitor Xavier (PSDB), o quarto mais votado na capital, com 31 mil, e Laudívio Carvalho (PMDB), que se elegeu deputado federal com 39 mil votos em BH.