Em seu terceiro mandato, o deputado Odair Cunha (PT-MG) ganhou notoriedade na relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Investigação (CPMI) do Cachoeira no Congresso Nacional. Na terça (20), ele entrega o relatório final convicto a evidenciar vínculos pessoais, patrimoniais e financeiros entre agentes públicos e Carlinhos Cachoeira, preso desde fevereiro por corrupção. Ao refutar que a CPMI tenha virado “pizza”, desafia opositores a instalar CPIs nos estados para investigar o esquema criminoso que tem contratos em prefeituras e governos estaduais.
 
A CPMI avançou no essencial: o desvio de dinheiro público?

O relatório final será apresentado na terça-feira, e vai demonstrar como a organização criminosa ocupou espaços públicos e na mídia, tendo dois modos de operação para viabilizar negócios econômicos. Na mídia, enaltecendo aqueles que colaboram ou criticando quem prejudica os seus interesses. Ficou claro: compravam meios de comunicação e jornalistas, para viabilizar seus interesses.

A oposição insiste em relatório paralelo.

Nosso relatório vai apresentar as empresas laranjas que serviram ao esquema criminoso e que tiveram seus sigilos quebrados. Todas as outras com algum tipo de relacionamento com a Delta Construções também constam do documento. É impossível qualquer relatório paralelo. Vou apresentar mais detalhes que, certamente, a oposição não quer ver no relatório final. Os oposicionistas fazem denúncias em Brasília. Por que não propõem criar CPI em seus respectivos estados? São corajosos só em Brasília. São Paulo teve contratos suspeitos com a Delta, conforme denúncia do Ministério Público.

O projeto de Reforma Política vinga em 2013?

A expectativa é a de que a legislação seja aprimorada. Não podemos fazer a reforma política dos sonhos, mas há pontos em comum que podem ser aprovados. A reforma fatiada é uma boa ideia. Tenho visto crescer o sentimento de que a reforma política e eleitoral é importante para o sistema político do Brasil e consolidação da democracia.

O financiamento de campanha deve mudar?

O sistema está esgotado. Há compreensão do Congresso da necessidade de mudar. Sistema de financiamento público de campanhas dá mais condições de todo mundo ser candidato. O elemento econômico impõe barreiras e deforma a eleição para cargos públicos.

A derrocada de petistas históricos, abre mais espaço aos mineiros?

Vejo como oportunidade. A eleição de Fernando Haddad em São Paulo foi uma renovação importante, assim como foi a eleição da Dilma em 2010. A renovação faz parte da coordenação política do processo Lula foi o grande patrocinador da renovação no PT, para que o partido seja mais vigoroso e atuante. Quanto a ocupar espaço político, depende de nós mesmos nos afirmarmos no cenário nacional. Nosso problema não é São Paulo. O PT de Minas Gerais precisa se firmar mais no cenário nacional com nossas próprias forças. A unidade interna é essencial para termos maior participação e influência nas grandes decisões nacionais. Ocupar cargos é só um elemento do processo político.

O jogo de 2014 começou? Quem tem a bola?

Temos projetos e temos nomes para Minas, ao contrário de nossos adversários.

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