Eduardo Cunha pediu propina como doação ao PMDB, diz Baiano

Estadão Conteúdo
Publicado em 16/10/2015 às 19:51.Atualizado em 17/11/2021 às 02:05.

O lobista Fernando 'Baiano' Soares, apontado como operador de propinas do PMDB, afirmou à Procuradoria-Geral da República, em delação premiada, que o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pediu propina em forma de doação eleitoral para o partido. As declarações foram prestadas no dia 10 de setembro de 2015 e agora juntadas a pedido de novo inquérito contra Cunha, encaminha pela PGR ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A sugestão do peemedebista teria sido feita em 2012, ano das eleições municipais. Segundo o delator, o lobista Julio Camargo estava atrasando o pagamento de propina sobre contrato do navio-sonda Vitória 10000, da Petrobras.

Julio Camargo atuava como representante de multinacionais perante a Petrobrás. Ele escancarou o capítulo relativo à propina do presidente da Câmara.

"Julio Camargo começou a dizer que estava tendo dificuldade para disponibilizar dinheiro em espécie para pagar Eduardo Cunha; que, então, o depoente (Fernando Baiano) sugeriu que Julio Camargo fizesse uma doação oficial para Eduardo Cunha ou para o PMDB; que esta ideia em verdade partiu do próprio Eduardo Cunha", afirmou Fernando Baiano.

Eduardo Cunha já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção e lavagem de dinheiro. O presidente da Câmara defende enfaticamente o modelo de doação de empresas a campanhas políticas.

Ainda segundo o operador do PMDB - condenado a 16 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro do esquema Petrobras -, em 2012, 'que era mais uma vez ano eleitoral, Eduardo Cunha passou a pressionar o depoente para cobrar Julio Camargo'.

A delação de Fernando Baiano, dividida em vários depoimentos à Procuradoria-Geral da República, confirma os relatos anteriormente dados por Julio Camargo. Segundo o operador do PMDB, as cobranças da propina atrasada 'foram feitas em reuniões pessoais com Eduardo Cunha'.

Fernando Baiano citou o doleiro Alberto Youssef, peça central da Operação Lava Jato, que derrubou a rede de propinas no esquema Petrobrás. Youssef teria providenciado o pagamento de parte da propina em espécie.

"Nesta época, Julio Camargo já havia pago em tomo de R$ 4 milhões, que era o valor recebido de Youssef", afirmou Baiano.

Em um trecho de um de seus depoimentos, Fernando Baiano afirma que o total da propina era de US$ 10 milhões e que ela seria paga de ‘maneira parcelada’.

Como Julio Camargo atrasou essas parcelas, Fernando Baiano disse que 'passou a cobrar' o lobista. "Que, então, o depoente passou a cobrar Julio Camargo, não apenas os valores devidos a si, mas também para valores de Eduardo Cunha; Que o depoente queria, no entanto, que Julio Camargo resolvesse prioritariamente os débitos com Eduardo Cunha, até porque era ano eleitoral e havia a pressão dele; Que Julio Camargo começou a dizer que estava tendo dificuldade para disponibilizar dinheiro em espécie para pagar Eduardo Cunha; Que, então, o depoente sugeriu que Julio Camargo fizesse uma doação oficial para Eduardo Cunha ou para o PMDB; que esta ideia em verdade partiu do próprio Eduardo Cunha."

Eduardo Cunha negou reiteradamente o recebimento de propinas no esquema Petrobras.

O PMDB tem reiterado que jamais autorizou qualquer pessoa a agir em nome do partido.


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