Em depoimento de apenas cinco minutos na Justiça Federal nesta terça-feira (2) o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil (BB) Henrique Pizzolato reclamou de ser submetido a tratamento desumano e humilhante enquanto cumpre pena pelo processo do mensalão.
"O acordo entre Brasil e Itália prevê que eu não seja submetido a situações vexatórias. Tenho 64 anos e vim para cá com as mãos algemadas para trás, sem qualquer apoio. Bati várias vezes com a cabeça. É um sistema que só busca torturar", disse, perante o juiz. Pizzolato também afirmou discordar do chamado "pedido supletivo", a partir do qual poderia ser julgado também por crime eleitoral e falsidade ideológica.
Em 2008, ele votou duas vezes no Rio usando os documentos do irmão morto. Em 2013, fugiu para a Itália com esses mesmos papéis. Pizzolato, que tem cidadania italiana, foi extraditado para o Brasil em setembro para responder pela ação do mensalão - ele foi condenado por formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.
À luz do acordo bilateral, Pizzolato só pode ser julgado por outros crimes se a Itália autorizar. A negativa do ex-diretor de Marketing do BB, detido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, será enviada ao Ministério da Justiça do Brasil e à Justiça italiana.
A expectativa do advogado de Pizzolato, Hermes Guerrero, é de que a discordância do cliente motive aquele país a não autorizar os demais julgamentos. Guerrero também afirmou que a escolta a Pizzolato "não se justifica". "Um preso que não é acusado de crime violento ou de pertencer a grupo armado ser humilhado desse jeito, com quatro homens portando metralhadoras e fuzis, é algo sem necessidade."