O senador Aécio Neves (PSDB-MG) negou, por meio de nota, que tenha atuado para criar "qualquer empecilho" aos avanços da Operação Lava Jato. Segundo o presidente licenciado do PSDB, ele foi um dos primeiros a "hipotecar apoio à operação". Em uma das conversas com um dos donos da JBS, Joesley Batista, Aécio falou da necessidade de aprovar no Congresso a anistia ao caixa 2 e que conversou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente Michel Temer para aprovar a proposta do abuso de autoridade.
Em nota divulgada pela assessoria de imprensa nesta sexta-feira (19), o tucano diz que "manifestar posições em relação a propostas legislativas é algo inerente à atividade parlamentar". Segundo ele, isto possibilitou que fossem incluídas sugestões feitas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e pelo juiz Sérgio Moro ao texto do abuso de autoridade, lembrando que o chamado "crime de hermenêutica" foi retirado no texto final aprovado pelo Senado.
"O senador Aécio Neves jamais agiu ou conversou com quem quer que seja no sentido de criar qualquer tipo de empecilho à Operação Lava Jato ou à Polícia Federal, que sempre teve seu trabalho e autonomia apoiados pelo senador em suas agendas legislativas, e também como dirigente partidário", diz outro trecho do texto.
Ele também declarou que, "em relação aos comentários feitos em conversa privada sobre delegados da Lava Jato, o senador emitiu uma opinião em face da demora da conclusão de alguns inquéritos".
Para o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a delação da JBS aponta que Aécio tem atuado para impedir o avanço das investigações da Lava Jato. "Verifica-se que Aécio Neves, em articulação, dentre outros, com o presidente Michel Temer, tem buscado impedir que as investigações da Lava Jato avancem, seja por meio de medidas legislativas, seja por meio do controle de indicação de delegados de polícia que conduzirão os inquéritos", escreveu Janot no pedido de abertura de inquérito ao Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o PGR, as provas já colhidas indicam o cometimento de crimes de corrupção passiva por Aécio. "Verificou-se que, por intermédio de sua irmã, Andrea Neves da Cunha, Aécio Neves solicitou propina para Joesley em pelo menos uma oportunidade, consistente no pagamento de R$ 2 milhões, acertado a ser efetivado em parcelas", afirmou Janot. Andrea foi presa nesta quinta-feira, 18, por determinação de Fachin.
Leia a nota divulgada pela assessoria de imprensa de Aécio na íntegra:
"Não existe qualquer ato do senador Aécio Neves, como parlamentar ou presidente do PSDB, que possa ter colocado qualquer empecilho aos avanços da Operação Lava Jato. Ao contrário, como presidente do partido, o senador foi um dos primeiros a hipotecar apoio à operação.
Manifestar posições em relação a propostas legislativas é algo inerente à atividade parlamentar, o que possibilitou inclusive a introdução no texto sobre abuso de autoridade de sugestões feitas tanto pelo senhor procurador-geral, como pelo juiz Sérgio Moro, a exemplo da retirada do texto do chamado crime de hermenêutica, de cujo entendimento o senador participou intensamente.
Em relação aos comentários feitos em conversa privada sobre delegados da Lava Jato, o senador emitiu uma opinião em face da demora da conclusão de alguns inquéritos.
O senador Aécio Neves jamais agiu ou conversou com quem quer que seja no sentido de criar qualquer tipo de empecilho à Operação Lava Jato ou à Polícia Federal, que sempre teve seu trabalho e autonomia apoiados pelo senador em suas agendas legislativas, e também como dirigente partidário.
Fato que pode ser verificado nas diversas oportunidades em que ele se pronunciou publicamente em apoio à instituição e na defesa no Orçamento da União da garantia dos recursos necessários para o cumprimento das atividades de polícia."
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