Em pronunciamento em cadeia de rádio e TV nesta terça-feira (10), a presidente Dilma Rousseff atacou os "pessimistas" que "diziam que não teríamos Copa", ressaltou que os gastos com o Mundial representam para ela um "falso dilema" e fez um apelo por paz durante os jogos.
Ela usou oito minutos de fala para, em tom por vezes ufanista, noutras vezes crítico, desmontar discursos que prenunciavam a não realização do evento. A ideia, segundo ela, era passar uma "noção correta" da Copa no Brasil "sem falso triunfalismo".
"Tem gente que alega que os recursos da Copa deveriam ter sido aplicados na saúde e na educação. Escuto e respeito essas opiniões, mas não concordo com elas", disse.
Segundo ela, os investimentos nos estádios, numa parceria entre bancos públicos, governos estaduais e empresas privada, contabilizaram R$ 8 bilhões. Nas áreas da educação e da saúde, todavia, as esferas federal, estadual e municipal investiram cerca de R$ 1,7 trilhão, disse a presidente.
A fala de Dilma vem dois dias depois de pesquisa Datafolha apontar que o apoio ao torneio no Brasil permanece estável. O levantamento verificou que 51% dos eleitores são favoráveis à realização do evento e que a taxa é parecida com as obtidas em fevereiro (52%) e abril (48%) deste ano.
Parte das crescentes críticas à realização do Mundial no país decorre dos gastos com obras como estádios e de mobilidade que não foram concluídas a tempo. O próprio governo avalia que o atraso provocou descontentamento porque não houve tempo para a população "absorver" os benefícios desses investimentos.
"A Copa não representa apenas gastos, ela traz também receitas para o país. É fator de desenvolvimento econômico e social. Gera negócios, injeta bilhões de reais na economia, cria empregos", continuou.
Dilma voltou a defender a entrega pelo governo federal de estádios e aeroportos e descartou, com isso, qualquer chance de apagão durante o evento. "Chegaram também ao ridículo de prever uma epidemia de dengue na Copa, em pleno inverno, no Brasil!", criticou a presidente.
País diferente
O Brasil que recebe esta Copa do Mundo de 2014 é muito diferente daquele país que, em 1950, recebeu sua primeira Copa, segundo afirmou a presidente. Dilma lembrou que hoje somos a sétima economia do planeta e líderes, no mundo, em diversos setores da produção industrial e do agronegócio.
A presidente lembrou que o País passou há poucas décadas por uma ditadura, mas destacou que hoje tem uma "democracia jovem, dinâmica e pujante". "Desfrutamos da mais absoluta liberdade e convivemos com manifestações populares e reivindicações que nos ajudam a aperfeiçoar, cada vez mais, nossas instituições democráticas."
Ao final do pronunciamento, Dilma aproveitou para mandar um recado à seleção brasileira de futebol e à comissão técnica. "Debaixo da camisa verde-amarela, vocês materializam um poderoso patrimônio do povo brasileiro. A Seleção representa a nacionalidade. Está acima de governos, de partidos e de interesses de qualquer grupo." Por isso, disse a presidente, é preciso que um dos legados da Copa seja também a modernização da estrutura do futebol no País e das relações que regem o esporte.
"O povo brasileiro ama e confia em sua Seleção. Estamos todos juntos para o que der e vier", encerrou a presidente.
Obras
A presidente Dilma Rousseff destacou que a Copa do Mundo fez com que o governo apressasse obras e serviços que já estavam previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), destacando a construção, ampliação e reformas de aeroportos, portos, viadutos, sistemas de transporte público. "Fizemos isso, em primeiro lugar, para os brasileiros. Tenho repetido que os aeroportos, os metrôs, os BRTs e os estádios não voltarão na mala dos turistas", disse.
Dilma lembrou que as obras trarão bons resultados para todos os brasileiros. "Uma Copa dura apenas um mês, os benefícios ficam para toda vida." A presidente disse que os novos aeroportos não eram uma necessidade apenas para receber os turistas. Mas, argumentou, com o aumento do emprego e da renda, o número de passageiros mais que triplicou nos últimos dez anos: de 33 milhões em 2003, para 113 milhões de passageiros no ano passado, e deve chegar a 200 milhões em 2020. "Por isso, precisávamos modernizar nossos aeroportos para, acima de tudo, melhorar o dia-a-dia dos brasileiros que, cada vez mais, viajam de avião."
Dilma destacou, ainda, que além das obras físicas e da infraestrutura, está sendo entregue um sistema de segurança "capaz de proteger a todos, capaz de garantir o direito da imensa maioria dos brasileiros e dos nossos visitantes que querem assistir os jogos da Copa".
A presidente aproveitou ainda para rebater as críticas dos que alegam que os recursos da Copa deveriam ter sido aplicados na saúde e na educação. "Escuto e respeito essas opiniões, mas não concordo com elas. Trata-se de um falso dilema", disse. Segundo a presidente, de 2010, quando começaram as obras dos estádios, até 2013, o governo federal, Estados e municípios investiram cerca de R$ 1,7 trilhão em educação e saúde. Enquanto isso, os investimentos nos estádios somaram R$ 8 bilhões. "Ou seja: no mesmo período, o valor investido em educação e saúde no Brasil é 212 vezes maior que o valor investido nos estádios", comparou. A presidente disse ainda que os orçamentos da saúde e da educação estão entre os que mais cresceram no seu governo.
"É preciso olhar os dois lados da moeda. A Copa não representa apenas gastos, ela traz também receitas para o País. É fator de desenvolvimento econômico e social. Gera negócios, injeta bilhões de reais na economia, cria empregos."
Dilma lembrou que as contas da Copa estão sendo analisadas, "minuciosamente", pelos órgãos de fiscalização. "Se ficar provada qualquer irregularidade, os responsáveis serão punidos com o máximo rigor."
Motivo de orgulho
"Para o Brasil, sediar a Copa do Mundo é motivo de satisfação, de alegria e de orgulho", afirmou a presidente, saudando os que estão chegando ao Brasil para assistir ao mundial. "Em nome do povo brasileiro, saúdo a todos que estão chegando para esta que será, também, a Copa pela paz e contra o racismo; a Copa pela inclusão e contra todas as formas de violência e preconceito; a Copa da tolerância, da diversidade, do diálogo e do entendimento."
Dilma lembrou que a seleção brasileira é a única que disputou todas as Copas do Mundo realizadas até hoje e que, em todos os países, os brasileiros foram muito bem recebidos. "Vamos retribuir, agora, a generosidade com que sempre fomos tratados, recebendo calorosamente quem nos visita."
A presidente aproveitou o discurso para rebater as críticas feitas à realização da Copa no País. "Para qualquer país, organizar uma Copa é como disputar uma partida suada - e muitas vezes sofrida. Com direito a prorrogação e disputa nos pênaltis." Mas, segundo ela, o resultado e celebração final valem o esforço.
Para a presidente, o "Brasil venceu os principais obstáculos e está preparado para a Copa, dentro e fora do campo". Mas, destacou a presidente, para que esta vitória seja mais completa, é "fundamental que todos os brasileiros tenham uma noção correta de tudo que aconteceu". "Uma visão sem falso triunfalismo, mas também sem derrotismo ou distorções", enfatizou.
Dilma afirmou que, "no jogo, que começa agora, os pessimistas já entram perdendo", pois foram derrotados pela capacidade de trabalho e determinação do povo brasileiro. "Os pessimistas diziam que não teríamos Copa porque não teríamos estádios. Os estádios estão aí, prontos. Diziam que não teríamos Copa porque não teríamos aeroportos. Praticamente, dobramos a capacidade dos nossos aeroportos", afirmou a presidente.
Com relação a racionamento de energia, a presidente foi enfática: "Quero garantir a vocês: não haverá falta de luz na Copa, nem depois dela." Segundo ela, nosso sistema elétrico "é robusto, é seguro, pois trabalhamos muito para isso".
A presidente afirmou ainda que, além das grandes obras físicas e da infraestrutura, está sendo entregue um sistema de segurança capaz de proteger a todos. Ela ainda falou do sistema de comunicação e transmissão, destacando que ele reúne o que há de "mais avançado em tecnologia, incluindo redes de fibra ótica e equipamentos de última geração, em todas as 12 sedes".