Em um dia, Bolsonaro gastou mais de R$ 100 mil no cartão corporativo em restaurante de Roraima
A presidência da República divulgou os gastos no cartão corporativo, incluindo os realizados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, pela ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e pelos assessores ligados aos dois. Foram mais de R$ 27 milhões em quatro anos, a maior parte com hotéis, combustíveis e manutenção automotiva. Porém, alguns gastos chamaram a atenção.
Em um único dia, a presidência pagou R$ 109 mil a um restaurante em Boa Vista, capital de Roraima. O estabelecimento chamado Sabor de Casa é simples e especializado em tira-gostos e pratos executivos.
Diante da polêmica provocada pela divulgação dos dados, o restaurante compartilhou uma nota nas redes sociais esclarecendo que o valor foi pago em virtude do fornecimento de alimentação para a comitiva presidencial que visitou Boa Vista em outubro de 2021.
Milhares de marmitas
Entre os anúncios do restaurante nas redes sociais, nesta quinta-feira (12), havia marmitas com feijoada, frango ou carnes diversas; todas as opções, inclusive uma versão econômica que acompanha bebida, custavam R$ 20. Considerando esse valor, o gasto da comitiva de Bolsonaro em 2021 daria para comprar mais de 5,5 mil refeições no estabelecimento.
O ex-presidente visitou a capital de Roraima em 26 de outubro de 2021, acompanhado do comando do Exército no Estado. Ele conheceu indígenas e participou de um almoço em homenagem ao aniversário da Igreja Assembleia de Deus.
O valor gasto no restaurante foi o 12º maior pagamento feito nos cartões da presidência.
Os 10 maiores referem-se a hospedagens. Só esse tipo de despesa resultou em mais de R$ 13 milhões em pagamentos nos cartões corporativos. Apenas em um gasto, a presidência da República desembolsou mais de R$ 310 mil em diárias de um hotel em São Paulo.
Cartões do Governo Federal
Os cartões da presidência da República foram criados para facilitar os gastos da administração pública e dos servidores em serviço, com despesas de pequeno valor, para as quais não é exigido processo de licitação.
Segundo o Portal da Transparência do Governo Federal, "mais do que facilitar o dia a dia da administração e dos servidores para pagamento de bens, serviços e despesas autorizadas, a iniciativa facilita a prestação de contas, confere maior segurança às operações e permite total acompanhamento das despesas realizadas com os recursos do governo".
Os cartões não podem ser utilizados para despesas pessoais de nenhum servidor, nem mesmo do presidente da República.
No âmbito federal, 5.609 servidores têm acesso ao cartão corporativo. Entre os servidores diretamente vinculados ao presidente da República, 14 possuíam cartões corporativos em 2022.
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