Empresa investigada pela PF recebe R$ 4 milhões da PBH

Ezequiel Fagundes - Hoje em Dia
04/05/2015 às 06:13.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:53
 (Flávio tavares)

(Flávio tavares)

Investigada pela Polícia Federal (PF) por supostas irregularidades em transação de recursos para a execução de obras da Copa do Mundo, a empresa PR Consultoria Ltda, que funciona em uma casa na região de Venda Nova, ganhou quase R$ 4 milhões em contratos e aditivos com a Prefeitura de Belo Horizonte entre 2009 e 2012. É o que revela levantamento feito pelo Hoje em Dia no “Diário Oficial do Município”. Nesse período, o petista Murilo Valadares, hoje secretário estadual de Transportes, ocupava a pasta de obras da prefeitura da capital.

Pertencente ao empresário Paulo Reis Terra da Silveira, a PR Consultoria funciona numa residência no bairro São João Batista, em BH, conforme o Hoje em Dia mostrou na segunda-feira passada. Em entrevista, Paulo Terra não quis comentar qual tipo de serviço foi prestado.

Em uma das licitações na modalidade tomada de preço, no valor de R$ 1,2 milhão, a PR Consultoria teria sido contratada para agilizar, na Caixa Econômica Federal (CEF), a liberação de verbas para as obras do PAC Mobilidade para a Copa do Mundo, conforme documentos sigilosos da PF e do Ministério Público Estadual (MPE).

Em nota, a prefeitura garantiu que um contrato de R$ 1,2 milhão foi suspenso sob a alegação de que não era necessário. O comunicado, no entanto, não diz quanto foi pago à empresa antes do cancelamento.

Outros

Já os demais contratos, estimados em R$ 2,8 milhões, foram conquistados pela PR Consultoria. Segundo a prefeitura, ainda por nota, a PR prestou “serviço de gerenciamento de recursos financeiros do Complexo Várzea da Palma” e “serviços especializados para gerenciamento de recursos financeiros dos empreendimentos de urbanização dos Aglomerados São Tomás/Aeroporto, ampliação e incremento do canal dos córregos Ressaca e Sarandi e tratamento do fundo de vale dos córregos Olaria/Jatobá”.

Na última sexta-feira, o Hoje em Dia pediu mais detalhes sobre qual a natureza do serviço prestado pela PR. Mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.

Conforme o Hoje em Dia já noticiou, na última segunda-feira, a PF investiga superfaturamento, corrupção, peculato e lavagem de dinheiro nas obras da Copa.

A Caixa, por meio de nota, diz que repassou as verbas diretamente à prefeitura, sem intermediários.

Inquérito conclusivo sobre tragédia deve ser apresentado nesta segunda-feira (4)

Dez meses depois, o delegado Hugo e Silva, da Polícia Civil em Belo Horizonte, vai apresentar nesta segunda-feira (4) inquérito conclusivo da investigação sobre a queda do viaduto Batalha dos Guararapes. A tragédia ocorreu em 3 de julho de 2014, deixando dois mortos e 23 feridos.

O Guararapes faz parte do conjunto de obras do PAC Mobilidade para a Copa do Mundo. O desastre, ocorrido em meio ao evento, gerou repercussão mundial, mas até hoje ninguém foi responsabilizado.

Conforme o Hoje em Dia apurou com fontes ligadas à investigação, o delegado vai incriminar representantes das empresas e da administração municipal. Em setembro do ano passado, a Justiça de BH havia concedido 90 dias de prazo para o delegado analisar um laudo pericial.

Naquela época, o documento já tinha apontado várias irregularidades na execução da obra. Entre elas, a redução da quantidade de materiais utilizada na construção e divergências em relação aos tamanhos dos blocos.

Além da Polícia Civil, o Ministério Público Estadual e a Polícia Federal investigam a queda.

O outro lado

Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas (Setop) informou que todos os contratos assinados pelo então Secretário de Obras e Infraestrutura da Prefeitura de Belo Horizonte, Murilo Valadares, que permaneceu no cargo até o dia 10 de julho de 2012, se deram em conformidade com a Lei 8666/93. Conforme a assessoria de imprensa, as informações podem ser apuradas no portal da transparência do Município.

Ainda segundo o órgão, os contratos com a empresa citada (Smurbe-084/2009 e Smurbe-117/2010) foram firmados como “prestação de serviços especializados de gerenciamento dos recursos financeiros contratados junto à Caixa Econômica Federal” para os empreendimentos nas vilas São Tomás/Aeroporto, Complexo Várzea da Palma 1ª e 2ª etapas, canais dos córregos Ressaca e Sarandi e tratamento do fundo de vale dos Córregos Olaria/Jatobá. Informaram ainda em que "nenhum deles tinha como objeto obras do BRT Antônio Carlos/Pedro I".

 

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