Entrevista com Maurício Busadin: "Marina anunciará partido em fevereiro"

Ricardo Rodrigues - Do Hoje em Dia
27/01/2013 às 09:42.
Atualizado em 21/11/2021 às 21:13
 (Movimento Nova Política/Divulgação)

(Movimento Nova Política/Divulgação)

A ex-senadora Marina Silva deve anunciar no dia 16 de fevereiro a fundação do partido político com o qual vai disputar a presidência da República, diz o economista Maurício Brusadin, ex-presidente do PV em São Paulo e assessor da ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula.

A legenda deve lançar nomes aos governos e assembleias estaduais, Senado e Câmara em 2014. Essa legião de candidatos milita em outros partidos e se agrupa no Movimento Nova Política, que apoiou Marina em 2010, quando ela ficou em terceiro lugar na corrida presidencial, com quase 20 milhões de votos.

Fundar partido é remédio contra a crise de representação política?

Eu sou dos que lutam por isso. Por mim, começaria a colher as 500 mil assinaturas amanhã. Desde que saímos do PV, a ideia é essa. O coletivo discutiu a questão, mas a Marina não tem pressa. Diria que 90% dos membros do movimento desejam a criação do partido para disputar em 2014.

Quais deputados estarão com Marina Silva no novo partido político?

Marina já se reuniu com parlamentares de vários partidos. Alguns prometeram declarar apoio imediato. Outros, por questões de vínculo, pretendem se manifestar só na fase final. Desde a saída de Marina do PV, o movimento tem aglutinado pessoas em torno do conteúdo da campanha presidencial em 2010. Temos núcleos em todos os estados. Esse embrião nasceu de certo rancor aos partidos tradicionais. Nossa meta é melhorar o Brasil.

Quando a Marina dará a palavra final?

Marina ainda vai ouvir muita gente antes de anunciar sua decisão. Os que querem o novo partido, querem uma data para o lançamento. Estatuto e programa estão em redação final. Para Marina, as ideias são mais importantes do que o processo burocrático. O nome e o programa do partido serão conhecidos no dia 16 de fevereiro, em Brasília. Para disputar em 2014, falta reunir 500 mil assinaturas até outubro.

A luta ambiental, destituída de conteúdo político, não serve para nos alienar das causas reais da devastação e das injustiças sociais?

Há um processo de transição no mundo, movido pela nova economia. Os empregos não estão mais na velha economia. O Google tem rentabilidade maior do que a General Motors. Com a agricultura moderna e o chão de fábrica automatizado, os empregos mudaram de setor. A nova economia no Brasil já saiu da fase embrionária. Trata-se de um debate complexo, mas estamos certos de que o IPI mais baixo para os carros não gera empregos no país. A floresta em pé vale mais que a derrubada. Falta investir em capital humano. O Brasil não está olhando isso. PT e PSDB continuam ligados à velha economia.

Crescer de modo sustentável exige outro modelo econômico? Qual?

O novo partido nasce sob o guarda-chuva da sustentabilidade ambiental, social e econômica. Vai pautar o debate sobre a economia criativa, a economia verde. Propomos nova forma de fazer política, que se resume em um planeta sustentável e em servir à sociedade.

Marina comparou Chico Mendes ao cardeal dom Eugênio Sales?

Marina foi criada no berço da religião católica. Quase foi freira. Ela misturou duas referências, tendo em vista a própria história de vida, como síntese da luta da sustentabilidade como uma causa humana.

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