Minas fora do palco

Estado ainda não tem representante na composição do ministério de Lula

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 23/12/2022 às 07:30.
Novos ministros foram anunciados pelo presidente eleito nesta quinta-feira (22), totalizando 21 nomes definidos: outros 16 ainda devem ser apresentados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Novos ministros foram anunciados pelo presidente eleito nesta quinta-feira (22), totalizando 21 nomes definidos: outros 16 ainda devem ser apresentados (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Minas Gerais segue sem nenhum representante entre os ministros escolhidos pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para ocupar a Esplanada dos Ministérios. Nesta quinta-feira (22), o petista divulgou mais um pacote de indicações. Agora, já são 21 ministros escolhidos. 

Apesar de Minas ser o segundo maior colégio eleitoral do país e dar vitória ao petista nas eleições de outubro, apenas um mineiro está com o nome encaminhado para assumir uma pasta. O senador Alexandre Silveira (PSD) deve ser anunciado para o Ministério da Infraestrutura nos próximos dias. O parlamentar desconversa e evita comentar o assunto. Mas pessoas próximas da equipe de transição confirmam que o nome de Silveira é dado como certo na Esplanada de Lula.

Outro nome forte de Minas Gerais era o do empresário Josué Gomes, filho de José Alencar, vice-presidente de Lula em seu primeiro mandato. Porém, Josué rejeitou o convite para ocupar o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), que acabou sendo ocupado pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin.

PT mineiro sem força

Para o cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec, a falta de prestígio de Minas - apesar da importância econômica e política do Estado para o país - deve-se à pouca representatividade do PT mineiro no cenário nacional e a uma necessidade de o presidente eleito premiar os políticos do Nordeste. 

Durante a eleição, Minas Gerais foi um espaço privilegiado na agenda de eventos de Lula. Foram pelos menos dez visitas ao Estado durante a campanha.  Mesmo contra o governador Romeu Zema (Novo), que foi reeleito em primeiro turno e apoiou Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno, o petista conseguiu uma vitória em Minas, considerado Estado chave para definir o vencedor das eleições. Porém, toda essa atenção eleitoral pode não significar poder político no novo governo.

“O eleitor do Nordeste garantiu a vitória de Lula e agora o presidente deve premiar aqueles políticos que se envolveram mais diretamente nesse processo. Da mesma forma, existe um núcleo de comando forte no PT paulista que divide os principais espaços de comando. É um comportamento natural. O PT de Minas está enfraquecido, com poucas lideranças nacionais, e os demais políticos de Minas terão a participação proporcional ao engajamento que tiveram na disputa eleitoral”, avalia o professor.

A baixa representatividade vem desde a indicação dos coordenadores técnicos dos grupos de trabalho da equipe de transição, quando apenas sete mineiros - André Janones (grupo técnico de Comunicação Social), Alexandre Silveira (área da Infraestrutura), Macaé Evaristo (equipe da Educação), Áurea Carolina (área da Cultura), André Quintão (Assistência Social), Nilma Lino Gomes (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Políticas públicas para as mulheres) - foram chamados para os principais cargos.

Menor que 2003

No primeiro mandato de Lula, em 2003, Minas Gerais tinha cinco pessoas nomeadas na posse do então presidente: Walfrido dos Mares Guia, Anderson Adauto, Luiz Dulci, Nilmário Miranda e Dilma Rousseff, que é mineira, mas na época era considerada uma política com história no Rio Grande do Sul.

Além deles, o ex-prefeito de Belo Horizonte Patrus Ananias assumiu papel importante na gestão do programa "Fome Zero" e o vice-presidente José Alencar também representavam o Estado. 

Uma fonte ouvida dentro do PT mineiro afirmou que neste ano faltou unidade dentro do partido para conseguir mais espaço no futuro governo. Nomes como o do deputado federal Reginaldo Lopes, que tem tido papel de destaque na equipe de transição, chegaram a circular, mas sem força em nível nacional ou respaldo do próprio partido.

Outros partidos

O MDB mineiro também participa das conversas e articulações políticas para composição do futuro governo Lula. O presidente do partido em Minas, deputado Newton Cardoso Júnior, integra o gabinete de transição. A legenda chegou a ocupar a chefia do Ministério da Saúde no primeiro mandato de Lula, com a indicação de Saraiva Felipe, na época filiado ao MDB, mas nenhum nome do partido em Minas aparece, ainda, com força entre as principais apostas.

Governo Bolsonaro

Ao assumir o governo, em janeiro de 2019, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) trazia dois mineiros em seu primeiro escalão. O então ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, e o então ministro do Turismo, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio.

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