Página Dois

Estreando no mundo político, candidato ao Senado Pastor Altamiro Alves (PTB) apoia Zema e Bolsonaro

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
Publicado em 12/09/2022 às 07:00.
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Aos 69 anos, o Pastor Altamiro Alves se lança pela primeira vez a uma disputa política. Candidato ao Senado pelo PTB, o fundador da Igreja Internacional Despertar da Fé é empresário do ramo de comunicações e atua há décadas no amparo a famílias carentes, dependentes químicos e contra a violência urbana.

Em entrevista ao jornalista Carlos Lindenberg, no programa “Gestores de Hoje em Dia – Eleições 2022”, na última terça-feira (6), o pastor confirmou o apoio a bandeiras do governador de Minas e candidato à reeleição, Romeu Zema (Novo), e do presidente Jair Bolsonaro (PL). Disse que sua candidatura foi um chamado de Deus e que ainda espera que Bolsonaro o veja e o apoie. Confira:

O senhor tem 69 anos e é a sua primeira candidatura. O que levou o senhor a entrar na política nesta altura da vida?
Primeiro, a indignação com o que está acontecendo em Minas Gerais e no país e a omissão de muitos políticos que poderiam fazer muitas coisas para resolver tais situações e não estão fazendo. Eu, como pastor, tenho orado muito pelo Brasil, por Minas Gerais, e tenho visto que as coisas não andam. Por isso, pedi uma confirmação a Deus. Deus me confirmou e estou aqui para guerrear.

Além de pastor, o senhor é empresário e tem negócios na área de comunicação. Se o senhor for eleito, como pretende conciliar estas atividades?
Eu tenho equipes para me auxiliar. Inclusive já me distanciei da Igreja para estar falando da campanha. Eu tenho equipe de pastores, eu tenho equipe que dirige todo o meu trabalho na comunicação, então, isso para mim é tranquilo.

Que tipo de experiência o senhor pretende levar ao Senado?
A minha experiência de vida, meus princípios e meus valores é o que eu quero levar para o Senado e trazer para Minas Gerais e para o Brasil. Há 43 anos trabalhando como pastor, trabalhando com vidas, libertando pessoas de drogas, restaurando famílias, restaurando casamentos, a gente tem uma experiência com pessoas e é isso que eu quero levar para o Senado.

Como o senhor vê a relação entre Igreja e Estado e, se for eleito, como pretende agir para que o fato de ser pastor não interfira na sua função como senador, já que o Estado é laico?
As coisas não se misturam. Se Deus governa para todos, eu também serei um eleito para governar para todos. Trazer o benefício para todos, independentemente de credo religioso.

O senhor parece apoiar a candidatura de Bolsonaro, mas o presidente apoia outro candidato para a disputa ao Senado aqui em Minas Gerais. Como o senhor lida com isso?
Tranquilamente. Eu acho que o candidato tem que mostrar quem ele é. A partir do momento em que eu mostrar quem eu sou e as pessoas me conhecerem como político e ficarem sabendo que eu sou candidato, as coisas vão mudando e é o que está acontecendo com meus números na pesquisa, que estão subindo. O fato de o presidente Bolsonaro estar apoiando outro candidato não me preocupa porque o meu apoio, primeiro, precisa vir do povo, do eleitor. E estou junto com o Bolsonaro, a pauta dele é a minha pauta. Creio que quando o Bolsonaro ficar sabendo quem eu sou, poderá até mudar de ideia.

O senhor tem algum contato com ele?
Não. Nunca tive contato. No mundo político eu sou um desconhecido. Estou chegando agora.

(Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Como o senhor vê a polarização entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro?

O que a gente vê é que o Brasil está politizado em várias áreas, inclusive no Judiciário. Na verdade, nós temos pessoas que não deveriam nem estar disputando as eleições, mas que manobraram e estão disputando. Na verdade, o que eu vejo é que o presidente Jair Bolsonaro tem feito um ótimo governo, uma pessoa que numa pandemia e pós-pandemia fazendo com que a inflação desça; e governar numa situação dessa – com tanta perseguição e luta – não é para qualquer um não.

Mas o senhor acha que ele é perseguido de alguma forma?
Muito. 

De que forma?
É notório. Tudo que ele fala é classificado de fake news e tudo que ele quer aprovar alguém senta na pauta e impede. Nós podemos ver que nosso Judiciário já não está preocupado com a verdadeira justiça; está legislando, está julgando e está fazendo o que dá na cabeça e isso atrapalha qualquer governo.

Mas quando o senhor fala em fake news, são os dois lados que usam…
Mas precisa saber o que é fake news…

E o que é fake news?
Fake news é uma notícia mentirosa, que a pessoa fala e quer inventar coisas com o nome do outro e quando vai olhar não é nada daquilo. Isso virou moda! A Justiça precisa saber onde está a verdadeira verdade. A coisa mais linda que tem é a verdadeira justiça porque foi criada por Deus, mas o homem acaba tornando tudo imperfeito.

Se o senhor for eleito, qual seria seu primeiro projeto apresentado?
O primeiro projeto será olhar a necessidade do nosso lindo Estado de Minas Gerais, que tem sofrido muito em todas as áreas. Então, viabilizar recursos para Minas Gerais, resolver todos esses problemas é minha primeira prioridade.

E quais seriam estes problemas?
É uma relação muito grande. Por exemplo, nós vamos ver agora que o presidente Bolsonaro conseguiu aprovar aquele reajuste da saúde. Aí vem outro lá para impedir uma coisa que já está aprovada. Então, eu no Senado, quero lutar para que a verdade seja realizada e a lei seja cumprida. Para que seja cumprida a Constituição, que não está sendo cumprida inclusive pela Casa que deveria ser a guardiã da Constituição.

O senhor está se referindo à questão da enfermagem?
Exatamente. Os profissionais da saúde foram os que mais sofreram na pandemia. Eu tive Covid, eu fiquei 11 dias internado, precisei de oxigênio, e graças a Deus estou recuperado e não tenho sequela nenhuma. Mas eu tenho presenciado o trabalho dos profissionais da saúde. Você vê as enfermeiras, os médicos, com olheiras. Não dormiam, deixavam a família e iam trabalhar. E agora, quando é para ter um reajuste pelo que trabalhou na pandemia, aí vem a politicagem querendo impedir para fazer política. Isso está errado. 

O senhor acha que há um conflito de poderes?
Mas é claro que há. É uma falta de respeito de um poder com o outro. Um poder não pode invadir o outro e é o que acontece o tempo todo com o STF, essa é a grande verdade. O que está acontecendo no Brasil é que estão amordaçando as nossas bocas. Não podemos falar nada que vai preso, é fake news, ameaçam cancelar sua candidatura. Eu não tenho medo de falar a verdade, se vai cancelar ou não, se vai me perseguir, eu vou falar a verdade até o fim.

Por falar nisso, o presidente do seu partido, o PTB, está recluso…
Roberto Jefferson é um grande estadista, uma pessoa que tem coragem, muita coragem. Depois que ele desbaratou aquela quadrilha de ladrões do mensalão houve muitas perseguições. Claro que se ele tem algum crime a pagar, como ele já disse, ele está pagando e quer pagar. Pela lei, ele poderia se candidatar, como se candidatou, e depois cortaram. Mas isso é com ele. O que a gente sabe é que tem muitas pessoas que não deveriam estar disputando, que também são ex-presidiários, e estão disputando. É uma situação que a gente não tem apenas que pegar com Deus, mas botar a mão na massa e é para isso que estou disputando.

O senhor está se referindo ao ex-presidente Lula?
Claro, é um ex-presidiário. Se a gente for falar deste assunto e for olhar não era nem para estar disputando as eleições. Agora, as pessoas falam: “Ah, você é do partido do Roberto Jefferson”. Eu sou um candidato ao Senado, eu sou o Pastor Altamiro Alves e eu falo por mim. O Roberto Jefferson fala por ele. O Lula fala por ele e eu quero falar por mim.

(Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

Qual a questão que o senhor considera mais urgente para resolver em Minas Gerais?

Em Minas Gerais nós precisamos tratar da educação. Nós tivemos mais de dois anos de prejuízos para os alunos e agora para voltar precisamos canalizar recursos para recuperar nossa educação. Eu sou pai de sete filhos e 15 netos e meus netos têm sofrido com a educação, e tudo isso me chama a atenção. Por isso eu quero levar para o Senado os meus princípios e os meus valores. Eu tenho esse exemplo a dar e eu quero seguir esse exemplo e a educação é a primeira pauta para mim.

Pastor Altamiro, o atual governo mineiro defende uma pauta de privatizações. O senhor seria a favor ou contra?
Eu sou a favor da privatização. Tudo aquilo que é a favor do nosso Estado e do nosso país eu sou a favor. E a privatização eu sou a favor porque vem trazendo melhorias. Pois aquilo que não é privatizado é preocupação para o governo estar administrando. Então, quando se privatiza, o empresário que assumiu a privatização, a tendência dele é querer fazer o melhor e a coisa funciona.

O senhor é a favor de privatizações de modo geral: Cemig, Copasa?
Claro. A situação que se encontra Cemig e Copasa é ruim. Às vezes, o consumidor não tem nem rede de esgoto e está pagando esgoto. Quando se privatizar, vai cobrar, mas vai fazer. 

O Regime de Recuperação Fiscal recebe muitas críticas dos servidores que temem o congelamento de salários, o fim de benefícios. O senhor é favorável ou contra?
Eu sou a favor da Recuperação Fiscal, pois tudo aquilo que a gente vai fazer para recuperar é claro que nós vamos fazer o melhor. Quando o governador tentou fazer algo e foi impedido na Assembleia Legislativa foi politicagem. Quando você entra com um projeto ou uma proposta para negociar tais valores, tais dívidas, e lá – por motivo politiqueiro – alguém barra, aí acaba não olhando para o povo e é isso que está acontecendo em Minas Gerais e no Brasil. 

No que o senhor difere dos outros candidatos que estão colocados para o Senado?
Eu sou diferenciado porque eu nunca fui político. Não tenho rabo preso com ninguém. A minha diferença é essa: meu princípio e valores cristãos serão preservados e eu sou Deus, pátria, família, liberdade e vida. Eu sigo os meus princípios e quero que o Brasil inteiro venha seguir este princípio que realmente agrada a Deus, que é a família. É isso que eu quero levar comigo e o meu diferencial é esse mesmo, meu princípio e valores.

O Rodoanel de BH, você é contra ou a favor?
Eu sou a favor. O Rodoanel deveria ser até mais rápido. Pois além de facilitar o trânsito em Belo Horizonte, vai acabar com aquela mortandade que é o anel rodoviário. Uma grande metrópole, quanto mais vai crescendo, mais nós temos que facilitar o trânsito, então o Rodoanel é muito bem vindo.
 
Quais as principais bandeiras da sua candidatura a senador?
Deus, pátria, família e liberdade.

E como lidar com a fome que assola o país?
Lidar com a fome é matar ela. Ninguém consegue viver com fome. Eu vou buscar recursos para isso. O Brasil é rico em alimentação. O agronegócio é uma riqueza incomensurável, nós temos que fazer é que essa riqueza chegue na mesa do brasileiro. Agora, a gente vê tantas propagandas, dizendo “eu vou colocar comida na mesa do pobre”; “o pobre vai comer churrasquinho” – sabe de quem estou falando – mas você acha que uma pessoa que critica o agronegócio, uma pessoa que chama o agronegócio de fascista, você acha que essa pessoa vai colocar comida na sua mesa? Você acha que vai colocar churrasquinho na sua mesa? A comida vem do agronegócio! É isso que está acontecendo.

Nas redes sociais, o senhor convida os fiéis a fazer jejum. O senhor não acha isso um certo radicalismo?
Não. Quando nós estamos jejuando, nós estamos em uma comunhão com Deus. Quando Deus falou que iria destruir uma cidade de 120 mil habitantes, ele iria destruir por causa da rebeldia daquela cidade. O rei então desceu do trono, vestiu-se com roupas de saco, colocou-se em jejum e foi até radical mesmo, colocou até os animais em jejum. Jonas entrou pregando naquela cidade e sua pregação era uma só: dentro de 40 dias esta cidade será subvertida. Passou o tempo e Deus não destruiu aquela cidade porque o rei lançou um decreto e todos naquela cidade teriam que jejuar. Quem sabe Deus se arrependa do mal que ele falou que faria àquela cidade e não faz, pensaram. E Deus não destruiu. Às vezes é isso que o Brasil esteja precisando: fazer um jejum para Deus abençoar esta nação. Deus fez isso para mostrar que o arrependimento chama a atenção dele.

Em entrevista o senhor disse que não é um candidato melancia. O que o senhor quer dizer com isso?
Eu falei essa frase, pois é o tipo de candidato que é verde amarelo por fora, mas vermelho por dentro. É Brasil por fora e PT por dentro. Tem muito candidato aí que é assim.

O senhor sendo senador, participando de uma sessão, de uma audiência no STF, o senhor vai falar desse jeito?
Sim. Desde que eu conheci a verdade - e a verdade é Cristo, Jesus - eu parei de mentir. E essa é a verdade e eu não tenho medo de falar não. Estamos precisando da verdade de Deus rápido. O Brasil está correndo um risco muito grande nestas eleições e temos que tomar muito cuidado. Tem muita mentira por aí, tem muito candidato melancia por aí.

Quando o senhor fala isso, você me lembra para uma questão. O Presidente Bolsonaro, em 2018, disse que não tinha ligação com o mundo político. Mas depois ele se aliou com o “centrão”, que é hoje quem manda no Congresso de um modo geral. Como o senhor vê essa dicotomia?
Posso responder na bíblia? Pois você me lembrou de Davi. Davi pegou as pessoas mais perversas, trouxe para o lado dele e fez deles os melhores soldados. O Bolsonaro sabe o que faz. Pois se ele não traz esse centrão aí é que ele estava perdido mesmo. Porque o outro lado juntou tantos partidos para arrebentar Bolsonaro que trazer o centrão foi uma forma de trazer as pessoas - não é negociar cargos, é trazer as pessoas - para que ambos possam se reunir para fazer um Brasil melhor, um governo melhor. O problema da política não é a política. A política é maravilhosa, é a oportunidade que a gente tem para discutir, mas a politicagem é que é a vergonha do nosso país. É isso que tem que acabar. Por isso a verdade tem que aparecer e a mentira desaparecer, isso está acontecendo e a mentira vai desaparecer nestas eleições.

Pastor, a chamada emenda do relator distribui milhões e milhões de reais para candidatos, etc, etc. Como o senhor vê isso?
Volto a falar de fiscalização. É para isso que eu estou disputando a eleição. Para arrancar o mal e fazer com que o bem funcione. Pois o bem chegando na casa dos brasileiros, todas as pessoas serão felizes e serão alegres.


Candidato, agora o senhor pode fazer suas considerações finais.
As pessoas têm me perguntado como é que o senhor, como pastor, vai fazer lá em Brasília, no meio de pessoas que não pensam como o senhor? Jesus esteve no meio de malfeitores e nunca foi um malfeitor, pelo contrário, ele transformou muitos. E a minha perspectiva é essa. Eu quero chegar nos parlamentares num momento de almoço, bater papo, conversar, independente de religião ou ideologia, eu quero me aproximar. Eu quero chegar nas pessoas e levar paz e alegria. Meu princípio é paz. Queremos paz para o Brasil. Defenderei os princípios cristãos que estão sendo muito ameaçados. Estão ameaçando fechar igrejas, aprovar projetos que vão destruir nossas crianças. Eu sou contra a ideologia de gêneros; as nossas crianças precisam ser respeitadas e por isso eu peço seu apoio e seu voto.

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