Executivo da Odebrecht entregou lista de "convidadas" para Petrobras, diz delador

Agência Estado
Publicado em 05/02/2015 às 15:36.Atualizado em 18/11/2021 às 05:55.

O ex-gerente de Engenharia da Petrobras Pedro Barusco afirmou, em sua delação premiada, que foi o executivo Rogério Santos do Araújo, da Construtora Norberto Odebrecht, que apresentou a lista de quem seriam as empresas convidadas para as obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que foi superfaturada e custou mais de R$ 27 bilhões. A obra iniciada em 2007 é um dos alvos centrais da operação "Lava Jato", que desbaratou um mega esquema de propina e caixa-2 na estatal petrolífera.

"Em maio ou abril de 2008, antes de se iniciar os processos licitatórios para as obra da Rnest (Refinaria Abreu e Lima)", afirmou Barusco. O delator disse ter sido procurado "por Rogério Araújo, diretor da Odebrecht, o qual apresentou uma lista manuscrita à caneta ou impressa contendo relação de empresas que deveria ser convidadas para as licitações dos grandes pacotes de obras".

A obra da Abreu e Lima foi fatiada em 12 grandes pacotes de contratos, vencidos em maioria por consórcios formados pelas 16 empresas acusadas pela "Lava Jato" de cartel e corrupção. A Odebrecht integrou dois desses consórcios, em duas fases da obra. Em 2007, na fase de terraplanagem, e nas obras de unidades de tratamentos a partir de 2009. Os três contratos em que ele participou tiveram 61 aditivos que elevaram em R$ 960 milhões o valor final pago pela Petrobras - R$ 6 bilhões ao todo.

Barusco afirmou ainda que executivo da Odebrecht disse que "já havia acertado, definido com Paulo Roberto Costa, à época Diretor de Abastecimento, a lista de empresas que iriam participar". Costa, primeiro delator da "Lava Jato", já havia afirmado que foi Araújo o executivo da Odebrecht que indicou a ele que abrisse uma conta na Suíça para o recebimento de US$ 23 milhões em propina. O valor teria sido pago entre 2008 e 2009, afirma ele.

O ex-gerente da Petrobras, que teve sua delação tornada pública nesta quinta-feira (5), confirmou também a atuação do cartel e o envolvimento da empreiteira, líder de mercado no setor. O delator afirmou que a formação do cartel "era no sentido de haver um direcionamento em favor de determinadas empresas, ou além do direcionamento, também praticar preços excessivos, como se deu no caso da Rnest (Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco)".

Ele confirmou que o cartel existia antes da entrada dos ex-diretores de Serviços Renato Duque e de Abastecimento Paulo Roberto Costa. Mas teve sua atuação "facilitada" entre 2006 e 2011. "Em razão do grande volume de obras de grande porte."

Segundo Barusco, ele "percebeu claramente a ação do cartel, bastante forte, na contratação das obras da Rnest". "Além de direcionar os contratos, (o cartel) quis impor preços muito além do orçamento da Petrobras". "Houve claro superfaturamento."

O OUTRO LADO

Em nota, a Odebrecht negou as acusações. "A Odebrecht nega veementemente as alegações caluniosas feitas pelo réu confesso", diz a empresa que, nega também, em especial, ter feito qualquer pagamento a qualquer executivo ou ex-executivo da Petrobras. "A empresa não participa e nunca participou de nenhum tipo de cartel e reafirma que todos os contratos que mantém, há décadas, com a estatal, foram obtidos por meio de processos de seleção e concorrência que seguiram a legislação vigente", complementa a empresa em seu comunicado.


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