(Carlos Roberto)
Um imbróglio envolvendo o destino de um galpão que destoa da paisagem arquitetônica da Praça da Estação, onde há construções do final do século 19 e início do 20, atrapalha a criação de um corredor cultural no local, tido como uma das principais ações da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para a Copa do Mundo de 2014.
Depois do Mineirão, a Praça da Estação será o local mais importante de Belo Horizonte durante o Mundial de futebol, em junho e julho do próximo ano, e as imagens da região serão enviadas para todo o planeta. Lá será montada a Fan Fest da Fifa, onde serão exibidos todos os jogos do torneio, com previsão de receber até 45 mil pessoas por dia.
O galpão, de 4 mil metros quadrados, avaliado em R$ 12 milhões, onde funcionou uma igreja até janeiro do ano passado, está com o uso indefinido. O projeto da PBH e da Funarte, que ocupa os galpões vizinhos e a Casa Do Conde, é demolir o imóvel.
O empresário Mário Valadares (PSB), candidato a vereador derrotado nas últimas eleições, é o proprietário do imóvel que, de fato, pertence a uma de suas empresas, a AARC Administração de Bens LTDA. Ele quer alugar o imóvel e, sua atual tentativa, é levar para lá a Feira do Mineirinho, que funciona no ginásio homônimo, na Pampulha, há 11 anos.
Permuta
A primeira tentativa de permutar o terreno de Valadares, por outro, de propriedade da PBH, começou em maio de 2011, quando o Executivo enviou à Câmara Municipal o projeto de lei 1.698/11, no qual mais de 100 terrenos também seriam alvo de alienação ou permuta.
Como não conseguiu emplacar o PL, a PBH solicitou, no ano passado, ao então vereador Edinho Ribeiro (PTdoB), que propusesse outro projeto, apenas envolvendo a permuta do terreno do galpão com outros na Cristiano Machado. Lá, Valadares quer construir uma filial do outlet de sua esposa, cuja matriz fica em Contagem.
O projeto de lei 2383/12 começou a tramitar no dia 12 de novembro. Entretanto, não foi aprovado e, assim como o primeiro, acabou arquivado. Como Edinho não se reelegeu, seria necessário que outro vereador, ou o Poder Executivo, reapresentasse o projeto à Câmara neste ano.
Enquanto isso, Valadares se movimenta para não perder uma renda mensal estimada em R$ 70 mil com o aluguel do galpão. Ao mesmo tempo, ele acredita que seu imóvel poderia ser incorporado ao circuito, como um espaço gastronômico, por exemplo.