Prova de fogo para Zema

Governador anuncia apoio a Bolsonaro, mas tem difícil tarefa de reverter ‘Luzema’

Da Redação*
Publicado em 05/10/2022 às 07:00.
Zema esteve em Brasília para oficializar a parceria com Bolsonaro e justificou a decisão com o fato de acreditar mais nas propostas do presidente do que nas de Lula (PT) (Antônio Cruz/Agência Brasil)

Zema esteve em Brasília para oficializar a parceria com Bolsonaro e justificou a decisão com o fato de acreditar mais nas propostas do presidente do que nas de Lula (PT) (Antônio Cruz/Agência Brasil)

O governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), declarou apoio a Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição presidencial. O pronunciamento oficial foi feito na manhã desta terça-feira (4), em Brasília. Mas a tarefa de Zema como cabo eleitoral de Bolsonaro não será fácil. Para fortalecer o "Bolsozema", o governador mineiro precisará reverter o movimento "Luzema" que prevaleceu em Minas.

Com 854 mil votos a mais que o presidente da República no Estado, a parceria entre o mineiro e o líder da Nação,no primeiro turno, só ganhou território no extremo Sul e Noroeste de Minas. Na Zona da Mata e Triângulo, onde Zema venceu, o mandante nas urnas para a Presidência da República foi o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

De acordo com os dados de votação divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Zema venceu em 659 cidades mineiras, enquanto Alexandre Kalil (PSD), apoiado por Lula, se saiu melhor em 191 municípios - a maioria nas regiões mais carentes do Estado, como  Jequitinhonha e Norte.

Quando se analisa a votação para presidente da República, Lula predominou em 630 dos 853 municípios mineiros, o que equivale a 73% do total. Ou seja, Lula venceu em sete de cada dez cidades mineiras. Os números são uma amostra do teste de fogo que será para Zema aumentar o número de eleitores de Jair Bolsonaro.

Ataques ao PT
Durante o discurso de apoio a Bolsonaro, na manhã desta terça-feira em Brasília, Zema justificou a decisão com base no que ele chama de bom relacionamento com o Executivo federal e pela total impossibilidade de uma aliança com o PT.

"Estou aqui hoje para declarar o meu apoio à candidatura do Bolsonaro porque eu, mais do que ninguém, herdei uma tragédia (referindo-se ao PT)", disse Zema.

Ao lado de integrantes de Bolsonaro, do vice Matheus Simões e do presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Flávio Roscoe, o governador citou problemas e erros da gestão do PT em Minas. 

"Desastrosa, arruinou o Estado. É só perguntar para os 853 prefeitos de Minas o estrago que o PT fez. Um governo que descontou da folha de pagamento dos funcionários públicos um empréstimo consignado e não pagou os bancos, deixando o nome ir para o SPC diz tudo o que é capaz de fazer", criticou.

Bolsonaro agradeceu o apoio e avaliou que a parceria é bem-vinda e essencial, além de decisiva para as eleições presidenciais. "Esse apoio do governador Zema é muito bem-vindo. É o segundo Estado que tem o maior colégio eleitoral do Brasil. Só quem ganha lá, diz a tradição, pode realmente chegar à Presidência da República. Então, há esse interesse meu. Eu agradeço aqui o apoio do Zema nesse momento, mais do que bem-vindo, ele é essencial. Ele é decisivo para a nossa reeleição", afirmou Bolsonaro.

Bolsonaro afirmou que deve vir a Minas no próximo dia 12 para participar de um evento religioso, onde vai se encontrar com o Apóstolo Valdemiro Santiago. O presidente disse ainda que, durante a campanha do segundo turno, quer visitar três vezes o Estado.

Interesses
A aliança firmada entre o atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e Romeu Zema (Novo) pode estar ligada ao interesse do governador de Minas em aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) em Minas. De acordo com o analista político Vladimir Feijó, o acordo pode ajudar a acelerar a consolidação do plano junto ao governo federal. 

"O Zema busca afirmar o plano de Recuperação Fiscal, que já tem o aval do Guedes, e ele precisa que o Bolsonaro influencie a base extremamente fiel a ele para aprovar tal medida", avalia Feijó.

Críticas

Segundo deputado federal mais votado em Minas Gerais na eleição do último domingo (2), André Janones (Avante-MG) foi ao Twitter criticar o apoio dado pelo governador reeleito Romeu Zema (Novo) ao presidente Jair Bolsonaro (PL). 

Para o parlamentar, o povo mineiro não precisa se preocupar porque grande parte do Estado é “Luzema”. “Não se preocupem com o apoio de Zema. Andei pelo Estado todo e posso garantir a vocês que a maioria aqui sempre foi 'Luzema'.Povo mineiro não é bobo e não se deixa enganar! Ontem (segunda-feira), Lula confirmou que intensificará presença em Minas no segundo turno. Vamos trabalhar muito por aqui e vencer!”, postou.

Janones foi um dos principais cabos eleitorais de Lula (PT) em Minas durante a campanha. Muito ativo nas redes sociais, o deputado é peça importante para que o candidato à presidência consiga mais votos em Minas Gerais.

*Com Raíssa Oliveira

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