De 2010 a 2013, o governo de Minas Gerais aumentou em 10% suas despesas com publicidade, atingindo R$ 61,2 milhões no ano passado contra R$ 55,3 milhões em 2010. Nos quatro anos, o investimento totaliza R$ 228,6 milhões. O dado foi disponibilizado nesta terça-feira (23) no site da Secretaria de Estado de Governo (Segov/MG), que conta agora com um espaço com informações sobre investimentos na área de comunicação desde 2003.
Por meio do site, qualquer pessoa pode ter acesso a dados detalhados dos gastos com publicidade feitos pela administração direta em todos os veículos e meios de comunicação.
Do montante total desembolsado pelo Executivo estadual, as redes de televisão foram as que mais receberam recursos na soma de 2010 a 2013, com 56,4% da verba destinada à publicidade. Os jornais receberam, no período, R$ 50,6 milhões, equivalentes a 21,8%. As rádios abocanharam 14,9%, ou R$ 34,2 milhões.
O Presidente do Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão de MG (Sert-MG), Francisco Sales Bessa, recebeu a notícia da nova ferramenta de acompanhamento de despesas com comunicação de forma positiva. Mas, para ele, o investimento do governo estadual poderia ser maior.
“Como jornalista e como cidadão, queremos que tudo seja transparente por parte do governo. Vejo isso positivamente, o governo prestando contas dos seus atos. Mas, proporcionalmente ao que arrecada, o Governo de Minas investe pouco em publicidade”, afirmou.
Transparência
A gerente de mídia da RC Comunicação, Daniela Araújo, também aprovou a nova publicação do governo. “É uma excelente iniciativa. Ter transparência, em qualquer setor é muito bom. E é importante inclusive para que não pairem dúvidas sobre o nosso seguimento”, disse.
O governo informou também que adota critérios para a programação de mídia como forma de assegurar a transparência das decisões, o acesso dos diversos veículos de comunicação aos investimentos realizados, de acordo com seus indicadores de audiência, circulação e qualificação de públicos. São utilizados os índices de audiência medidos pelo Ibope e pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), bem como as pesquisas de hábito de consumo e hábitos de mídia desenvolvidas pelo IPSOS/MARPLAN.
A organização das informações sobre as publicidade segue as diretrizes da Lei Federal 12.232/10, que regulamenta a atividade publicitária e estabelece que as informações devem ser classificadas por tipo de mídia, informando os valores globais investidos nas mídias jornal, TV, rádio, internet etc. Já a disponibilização dessas informações, realizada agora pelo governo e retroativa a 2003, não é uma exigência legal.
Investimentos tendem a crescer nos próximos anos
O Sindicato das Agências de Propaganda do Estado de Minas Gerais (Sinapro-MG) destaca o baixo comprometimento do orçamento do Estado com despesas de publicidade e defende o aumento gradual deste tipo de desembolso nos próximos anos.
Em conjunto com a Federação Nacional das Agências de Propaganda (Fenapro), a entidade diz que realiza um trabalho para reposicionamento e fortalecimento do mercado mineiro da propaganda. “Acredito no crescimento gradual dos gastos com publicidade nos próximos anos em nosso Estado”, disse o presidente do Sinapro-MG, Adolpho Resende Netto.
Segundo levantamento realizado pelas duas entidades comparando os valores executados dos orçamentos dos governos estaduais e os investimentos em comunicação, Minas Gerais se encontra na penúltima posição, comprometendo-se apenas 0,21% do que arrecada, enquanto Santa Catarina lidera com investimento de 0,88%, seguido pelo Distrito Federal, com 0,81% do orçamento destinado à publicidade.
Quando a comparação é o cruzamento do Produto Interno Bruto (PIB) com os investimentos publicitários, Mato Grosso do Sul com 0,13% e Maranhão com 0,12% são os estados líderes. Minas Gerais aparece somente com 0,03% de investimento proporcional ao PIB.
Segundo o Vice- Presidente Regional Sudeste da Fenapro, Juliano Sales, o levantamento chama a atenção pelo quanto Minas Gerais ainda pode crescer em investimentos publicitários.
Reflexo político
O PSDB publicou nota sobre a iniciativa de dar transparência aos gastos com publicidade. “A transparência comprova mais uma calúnia inventada contra o senador Aécio Neves por lideranças do PT, no caso, a de que o Governo do Estado teria beneficiado os quatro veículos de comunicação nos investimentos publicitários realizados pelo Estado – uma emissora de rádio da Capital e duas emissoras de rádio e um semanário do interior, pertencentes à sua família muitos anos antes de ele se eleger governador. Apesar da correção de todos os procedimentos, para evitar a exploração política da falsa acusação feita pelo PT em 2011, esses veículos pediram a sua retirada do cadastro da Sub-Secretaria de Comunicação do Governo de Minas, e, desde então, os mesmos não receberam nenhum investimento publicitário do governo”.
Em resposta, o PT enviou comunicado à imprensa e disse que o PSDB “despreza a inteligência dos mineiros” com a publicação “no apagar das luzes” após 12 anos de governo de informações que foram solicitadas e reiteradas vezes teve sua divulgação negada pelo governo. “Qualquer iniciativa em favor de mais transparência na gestão dos recursos públicos deve ser saudada, mesmo que a decisão tenha sido tomada a dez dias do final do atual governo”.