Impeachment não deve ser um objeto de desejo, diz FHC

Estadão Conteúdo
Publicado em 04/12/2015 às 16:33.Atualizado em 17/11/2021 às 03:13.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou nesta sexta-feira (4), que impeachment não deve ser "objeto de desejo". Ele fez as declarações ao chegar para abrir um debate sobre o futuro mundial na Fundação Champalimaud, em Lisboa. "Eu acho que impeachment não deve ser objeto de desejo. Acontece. No caso, precisamos ver, se acontecer mesmo vamos ter que levar a fundo porque o Brasil não pode ficar paralisado e neste momento ele está", disse FHC.

Nesta quinta-feira (3), o ex-presidente havia avaliado que a reação do mercado financeiro à aceitação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff como um sinal de preferência dos agentes econômicos pelo afastamento da petista. "Eu vi que o mercado reagiu subindo, o que significa que prefere que haja o impeachment", afirmou o ex-presidente na noite de quinta-feira (3), em Lisboa, onde participa nesta sexta-feira (4) da abertura de um debate sobre o futuro mundial na Fundação Champalimaud.

O tucano disse ter acompanhado as notícias dos últimos dias no Brasil "com certa apreensão" e fez um prognóstico de semanas "tensas no Brasil". "O processo de impeachment é difícil para o País", afirmou FHC no saguão do hotel onde está hospedado na capital portuguesa. Com semblante de preocupação, o ex-presidente observou que o processo de julgamento e eventual cassação de um chefe do Executivo "não é uma coisa simples".

Na opinião de FHC, a ação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de acatar o pedido de afastamento de Dilma enseja "um grande debate sobre a viabilidade política" do impeachment. "Também é preciso discutir com a população", afirmou o tucano. Para ele, "se o sentimento se generalizar, a presidente terá muita dificuldade de evitar o impeachment".

Presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique disse que seu partido votará a favor do impedimento de Dilma porque o pedido de abertura do processo tem como um dos autores o jurista Miguel Reale Júnior, que foi ministro da Justiça de sua gestão e também um dos advogados que fundamentou uma ação do PSDB contra a petista no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Acho que provavelmente a votação (do PSDB) será favorável ao impeachment."


 
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