Itamaraty ouve diplomata apontado como responsável pela vinda de Pinto Molina ao Brasil

Renata Giraldi - Agência Brasil
26/08/2013 às 14:47.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:19

BRASÍLIA – O Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, ouve nesta segunda-feira (26) o diplomata Eduardo Saboia, apontado como principal responsável pela retirada do senador Roger Pinto Molina, 53 anos, da capital boliviana, La Paz, e o transporte para o Brasil. Ao longo da manhã, houve reuniões conduzidas pelo secretário-geral do Itamaraty, embaixador Eduardo dos Santos, que deverá conversar com Saboia na tarde desta segunda-feira.

O clima no Itamaraty é de tensão, pois é a primeira vez na história recente que, em uma carreira guiada pela disciplina e hierarquia, um profissional tem sua conduta investigada por supostamente não seguir orientações de superiores, em uma questão envolvendo dois Estados – Brasil e Bolívia.

Após nota divulgada pelo Itamaraty, informando que o Ministério das Relações Exteriores abrirá inquérito e tomará as medidas administrativas e disciplinares cabíveis, o assunto é tratado com o máximo de sigilo pelos diplomatas. A ideia é que Saboia chegue ao ministério de forma discreta, sem chamar a atenção da imprensa, para evitar entrevistas.

Com mais de 20 anos de carreira, Saboia é apontado como um profissional disciplinado, competente e dedicado. No entanto, desde que assumiu como encarregado de negócios (substituto temporário do embaixador) na Bolívia, há dois meses, Saboia reitera ao Itamaraty as dificuldades vividas por Pinto Molina, que ficou 455 dias abrigado na representação diplomática.

Saboia esteve duas vezes em Brasília relatando que o senador boliviano sofria de depressão e estava com problemas renais. Na última ocasião em que esteve no Itamaraty, o diplomata pediu para ser removido (deixar o posto) de La Paz para outro posto no exterior ou mesmo no Brasil.

No Itamaraty, os diplomatas não informam ao certo como será um eventual inquérito envolvendo Saboia. As punições, em geral, vão desde uma simples advertência oral até a exoneração da carreira profissional. Porém, há os defensores de uma sanção intermediária que é a da suspensão (provisória) da carreira, considerando que seus antecedentes são todos positivos e que tem um histórico de bons serviços prestados.

 

Embaixador da Bolívia pede explicações

O embaixador da Bolívia no Brasil, Jerjes Justiniano Talavera, pediu nesta segunda-fiera (26) explicações ao Ministério das Relações Exteriores, Itamaraty, sobre a retirada do senador boliviano Roger Pinto Molina da representação diplomática brasileira em La Paz e a viagem dele a Brasília. Por intermédio de sua assessoria, Talavera informou que se pronunciará depois que o Itamaraty se manifestar sobe o caso.

O governo boliviano trata Pinto Molina, de 53 anos, como suspeito em mais de 20 crimes envolvendo corrupção e desvio de recursos públicos. Em entrevista à Agência Brasil, o senador boliviano negou envolvimento nos crimes financeiros e disse ser um “perseguido político”, por defender o direito de a oposição ter voz na Bolívia.

A saída de Pinto Molina da Bolívia é tratada pelas autoridades bolivianas como fuga. Várias autoridades disseram que ele é um fugitivo. Mas o advogado do senador, Fernando Tibúrcio Peña, disse à Agência Brasil que o parlamentar é um “asilado diplomático” e dispõe de todos os documentos e, inclusive foi submetido às avaliações da Polícia Federal.

Pinto Molina está temporariamente em Brasília, na casa do advogado, no Lago Norte, um bairro nobre da cidade. Na terça-feira (27) ele concederá entrevista coletiva, na Comissão de Relações Exteriores do Senado, às 15h. Em seguida, o parlamentar disse que pretende encontrar a mulher e as filhas que estão no Brasil desde o ano passado.

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