O marqueteiro do PT João Santana e sua mulher e sócia, Mônica Moura, chegaram a Curitiba, sede da Operação "Lava Jato", por volta das 11h40 desta terça-feira (23), escoltado pela Polícia Federal. O casal será levado para a Superintendência da Polícia Federal, centro nervoso das investigações. Os dois receberam voz de prisão ao desembarcarem em São Paulo, duas horas antes, quando chegaram da República Dominicana.
Os dois devem ser levados às 15h para o Instituto Médico Legal, em Curitiba, onde farão exame de corpo de delito. Depois, retornam para a sede da PF. O publicitário, que encabeçou campanhas presidenciais petistas, e sua mulher chegaram em São Paulo às 9h21 e foram presos pela Polícia Federal.
Atingidos pela 23ª fase da Operação "Lava Jato", iniciada na segunda, ambos foram alvo de mandados de prisão temporária. O voo que veio de Punta Cana, na República Dominicana, estava programado para desembarcar as 10h, mas chegou mais cedo.
Santana, que foi responsável pelas campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), estava na República Dominicana, onde trabalhava para reeleição do presidente Danilo Medina. O pedido de prisão do publicitário repercutiu na imprensa do país.
João Santana e Monica Moura vieram acompanhados do advogado Fábio Tofic no voo e estavam entre os últimos passageiros a desembarcar. Voaram na classe econômica de um voo comercial e sentaram juntos durante a viagem. Não havia primeira classe no avião. O casal não foi alvo de manifestação de nenhum passageiro.
Depois de desembarcar em Guarulhos João Santana e a esposa foram ouvidos na sala da PF, no aeroporto, por cerca de 15 minutos pelo delegado da Lava Jato Eduardo Mauat.
Eles seguiram para Curitiba por volta das 10h30 em um avião da PF, acompanhados pelo delegado. Segundo agentes, o advogado do casal foi quem levou a maioria de seus pertences. Tofic pegou um voo de carreira para a capital paranaense.
Depoimentos
Os depoimentos de Santana e de sua mulher ainda não foram marcados, mas a expectativa da defesa é que aconteçam na quinta (25). Tofic afirmou que seus clientes "estão machucados, mas tenho confiança que darão todos os esclarecimentos possíveis".
A principal acusação é que ele e sua mulher, Mônica Moura, receberam US$ 7,5 milhões no exterior de Zwi Skornicki, lobista de um estaleiro que tem negócios com a Petrobras, e de offshores ligadas à empreiteira Odebrecht.
De acordo com o juiz federal Sergio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em Curitiba, a mulher de marqueteiro sabia que os recursos recebidos eram ilícitos. A investigação chegou a João Santana depois que autoridades apreenderam um bilhete que Monica enviou a Skornicki.
Na segunda, uma equipe da Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no apartamento de João Santana, em um prédio no Corredor da Vitória, em bairro nobre em Salvador.
Houve buscas também na residência de Santana no condomínio Praia de Interlagos, em Camaçari, na região metropolitana de Salvador.
No último dia 12, a Folha revelou que a Lava Jato investiga indícios de pagamentos da Odebrecht ao marqueteiro das campanhas presidenciais em contas no exterior.
Na semana passada, o juiz Moro negou acesso aos advogados do marqueteiro aos autos da investigação sobre remuneração recebida pela Odebrecht.
Os escritórios da empreiteira em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia também foram alvo de busca e apreensão da PF.
(*) Com agências