Julgamento no STF provoca embate entre PT e oposição na Câmara

Agência Câmara
19/09/2012 às 08:35.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:24

(Alessandro Maschio/Reprodução)

O início do julgamento do núcleo político do caso mensalão, no Supremo Tribunal Federal (STF), fez deputados petistas e de oposição trocarem acusações no Plenário, na terça-feira (18).

O voto do relator do processo, ministro Joaquim Barbosa, que sustentou a existência de um esquema de compra de votos de deputados federais, foi recebido com repúdio pelo líder do PT, deputado Jilmar Tatto (SP). Para ele, é um contrassenso acreditar que deputados de seu partido precisariam receber recursos para votar em projetos do governo Lula.

O próprio presidente da Câmara, Marco Maia, que é do PT, disse que há problemas na interpretação do ministro, e que seus votos têm sido usados por adversários políticos para atacar o partido. “Chamou-me muito a atenção o fato de voltar essa tese do mensalão. Acho isso tudo uma grande falácia”, disse.

O líder da Minoria, deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB-SP), ressaltou que, independentemente de quem recebeu o dinheiro, houve utilização de dinheiro público. “Isso ficou claro. Já é unânime o reconhecimento de que houve a utilização de dinheiro público. E está sendo visto que esse dinheiro foi utilizado para compra de votos”, afirmou.

Em reação, o líder do PT disse que é o PSDB que tem histórico de compra de votos no Brasil. “Foi Fernando Henrique Cardoso, que, quando fez aquele escândalo na Constituição tentando a reeleição, teve dezenas de denúncias de compra de deputados nesta Casa para aprovar aquela reeleição. Não venham imputar ao PT essa prática”, respondeu Tatto.


Lula

A denúncia da revista Veja sobre uma possível participação direta do ex-presidente Lula no caso do mensalão esquentou ainda mais o clima no Plenário. Petistas atacaram a revista, enquanto oposicionistas pediram explicações do ex-presidente.

O deputado Henrique Fontana (PT-RS) disse que não é mais possível dar crédito às denúncias da Veja, que, segundo ele, vem tentando sem sucesso manchar a reputação do ex-presidente se valendo do julgamento do mensalão. “A revista faz acusações que não se confirmam, com fontes e gravações que nunca aparecem”, disse.

“Dizem que existe uma fita com Marcos Valério dizendo que o presidente Lula participaria de um conchavo, mas onde está essa fita?”, perguntou Fontana.

Já o deputado Jutahy Junior (PSDB-BA) cobrou explicações do ex-presidente. “O que nós todos esperávamos? Que o ex-presidente Lula se apresentasse à imprensa, procurasse os meios de comunicação. Mas o que aconteceu? O ex-presidente Lula ficou caladinho.”

O deputado Fernando Ferro (PT-PE) creditou essa cobrança ao “desespero” da oposição. A matéria da Veja, segundo ele, foi publicada para prejudicar o desempenho do PT nas eleições municipais. “O presidente Lula não é mais presidente da República. Não cabe ao deputado cobrar nada do cidadão Lula”, disse.

Para o deputado Sibá Machado (PT-AC), o crime ocorrido se limita à prática de caixa 2 na campanha eleitoral do PT. “Temos levantado, nesta Casa, a bandeira da reforma política, para que o partido político e seus eleitos não tenham que se submeter a situações que os partidos políticos sempre se submetem”.

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