O juiz eleitoral de Espera Feliz (Zona da Mata) começa a ouvir, amanhã, o prefeito eleito Carlinhos Cabral (PPS) e seu vice, Jadir Silva (PSDB). Os dois são acusados de comprar votos na eleição de outubro.
O magistrado resolveu abrir ação de investigação após um vídeo postado no youtube mostrar Cabral, Silva e o presidente da Câmara Municipal, Oziel Gomes (PSD), negociando o apoio de um eleitor por R$ 600. “É uma ação de captação de sufrágio. Se for procedente, o prefeito eleito pode perder o registro de candidatura ou o diploma”, diz o juiz Rômulo Duarte.
No vídeo, uma pessoa recebe Cabral e Silva em sua casa. Durante a conversa, os candidatos pedem apoio para o eleitor. “E botar uma faixa ali, você deixa?” (sic), questiona Cabral. A pessoa que recebeu o prefeito e gravou o diálogo responde com um pedido. “Estava precisando de uma ajudazinha para fazer o tratamento da minha filha”.
Problema
O candidato a prefeito questiona qual é o problema. “É um tratamento no pé dela, isso dá pelo menos uns R$ 600”, responde o morador.
Durante o diálogo, o presidente da Câmara senta-se à mesa com os outros. Cabral responde ao pedido do dono da casa com um acordo. “Damos a metade agora. Pode contar comigo. Segunda-feira, o restante lá na farmácia”, diz o candidato. A farmácia é do vice eleito, Jadir Silva.
Neste momento, o presidente da Câmara entra na conversa e confirma a disposição do grupo em “ajudar” pessoas. “Pode contar. Seu Zé aqui (aponta uma direção). Hoje eles ligaram para mim para ajudar num bujão de gás. Eu dou gasolina”, diz.
Logo depois, Silva retorna após uma ligação e afirma que precisa sair. Cabral levanta para acompanhar seu candidato a vice e diz para o presidente da Câmara acertar com o morador. “E o negócio do dinheiro vê com o Oziel aí”. Oziel conta algumas cédulas e entrega para o morador e diz “trezentos certinho”. O morador confere o dinheiro contando em voz alta.
Montagem
O prefeito se recorda da situação, mas não de alguns momentos. Para ele, o vídeo disponível no youtube foi “montado” para prejudicá-lo. “O vídeo foi feito 40 dias antes da eleição e soltaram próximo à data. Armaram uma arapuca para mim”, defende-se.
Para ele, o autor da “armadilha” seria seu adversário, Adrian Carlos (PR). No vídeo, não há nenhuma referência de quando ele foi realizado, mas foi postado no dia 5 de outubro, dois dias antes das eleições.