Após conflito entre manifestantes e seguranças da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), ocorrido na tarde desta segunda-feira (5), o presidente da Casa, vereador Léo Bruguês (PSDB) decidiu pedir na Justiça a reintegração de posse do local. O anúncio foi feito em coletiva à imprensa realizada depois da confusão. Desde quinta-feira (1º) manifestantes ocupam a câmara. O vereador do PSDB também afirmou que as pessoas do grupo que participaram do confronto serão identificadas e punidas.
"Vivo hoje uma situação muito difícil. Venho do movimento estudantil, fui ativista. Sou favorável às manifestações e é isso que a gente quer para a Câmara. Os vereadores estão aqui para trabalhar e a gente ver manifestante jogar pedra, moeda, atacar verbalmente. Isso a gente não pode aceitar. Vamos entrar com um pedido de reintegração de posse", informou Léo Burguês.
Manifestantes tentaram entrar no Plenário com bandejas de coxinhas para serem distribuídas aos vereadores, e foram impedidos. Então, decidiram atirar o salgadinho nos vereadores. O presidente da Câmara nega excesso por parte dos seguranças. "Não houve excessos. Os seguranças estavam agindo no limite. Os manifestantes atacaram os seguranças. Se os manifestantes estão feridos é por que eles fizeram alguma coisa. Os seguranças revidaram depois de serem atacados, de tentarem invadir o Plenário".
O vereador acusa um manifestante identificado como "Zion" de ter atirado uma pedra nele."Temos imagem do manifestante do PSTU jogando a pedra. Estava presidindo a sessão e tive que me desviar de uma pedra do tamanho de um ovo. Vou fazer um Boletim de Ocorrência com as imagens". Os manifestantes, no entanto, se defendem e afirmam que não passava de uma bola de papel em formato de coxinha. Um outro ocupante da Câmara, Alexandre Mazus, teria sido atingido no olho por um dos seguranças.
Segundo Paulo Rocha, integrante do comitê de comunicação da Assembleia Popular Horizontal (APH), um segurança chegou a dar voz de prisão contra um manifestante, mas ninguém foi preso. Um jovem há mais de 100 horas em greve de fome também chegou a ser agredido pela segurança da CMBH e desmaiou. Ele recebeu atendimento médico e passa bem.
Atendendo às reivindicações
O vereador Léo Burguês, em coletiva, também disse que vai criar um grupo de trabalho na Câmara para receber as reivindicações e propostas da população.
Mais cedo, atendendo à uma das reivindicações dos manifestantes, a BHTrans enviou um técnico para uma reunião com os ocupantes da Câmara para explicar as planilhas de custo das empresas que detêm concessão da prefeitura para exploração do transporte público. O técnico esperado chegou com uma hora de atraso e a reunião acabou não acontecendo.
Os manifestantes portavam cartazes cobrando a presença do presidente da CMBH, Leonardo Silveira de Castro Pires, o vereador Léo Burguês. A sessão plenária foi cancelada.
Ocupação e greve de fome
Após o retorno dos vereadores do recesso parlamentar, cerca de 30 pessoas decidiram manifestar na CMBH e cobrar por uma audiência pública para a prestação de contas do ano de 2012 por parte da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Lacerda teria realizado essa prestação em abril, mas a reunião foi restrita à Mesa Diretora, e às portas fechadas.
No sábado (3), O prefeito Marcio Lacerda disse que o movimento é "partidário" e se escora em "factoides". E chegou a chamar os manifestantes de "preguiçosos" e "desinformados". Nesta segunda-feira (5) foi a vez do presidente da Câmara Municipal de BH rotular os manifestantes. "São pessoas anarquistas, ligadas a partidos políticos que não conseguiram se eleger. Vamos separar as manifestações populares dos vândalos anarquistas que estão usando de violência", afirmou o vereador do PSDB.
Um casal fazia greve de fome em apoio às reivindicações do movimento. A jovem identificada como Ana desistiu do protesto após 50 horas sem comer. A garota de 26 anos desmaiou e precisou ser atendida por médicos do Samu. O rapaz mantém sua postura de não se alimentar.
*Com informações de Humberto Santos