Líder do PSB na Câmara quer Lacerda disputando governo de Minas

Ricardo Rodrigues - Do Hoje em Dia
10/03/2013 às 11:45.
Atualizado em 21/11/2021 às 01:45
 (Diogenis Santos/Agência Câmara)

(Diogenis Santos/Agência Câmara)

Líder do PSB na Câmara dos Deputados, o gaúcho Beto Albuquerque nega desavenças internas ao citar que 95% dos socialistas desejam a candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2014. Segundo ele, se isso ocorrer, a presidente Dilma será a primeira a ser informada.  Quanto à disputa nos estados, ele é taxativo: “Marcio Lacerda é uma referência para a política brasileira. Pode ser a grande força em Minas Gerais no próximo ano”, antecipa. Nesse caso, a manutenção da aliança com o tucanato mineiro “vai depender do cenário nacional”.  Até lá, as viagens do presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, iniciadas em 2011, “não cumprem agenda eleitoreira, só de projeto de poder”.    O PSB também entrou na corrida presidencial? 
É preciso convergência política para enfrentar os problemas que afetam a economia, e não um debate eleitoral. Eduardo Campos vai ao Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro para os seminários do PSB. O partido quer que ele ande pelo país. Hoje 95% de nossa base militante estão convencidos que é preciso ter candidato próprio em 2014. O Eduardo é um gestor competente, jovem, com boas propostas para o Brasil. Temos de construir o caminho próprio. A candidatura em 2014 não representa decisão pessoal do Eduardo Campos; esta aspiração é do partido. O sucesso de sua gestão atrai políticos e empresários a Pernambuco. Esta é a matemática que nos envolve.    O PSB tem data para deixar o governo Dilma?
As ações do PSB não são clandestinas nem traiçoeiras. Não estamos escondidos e nem escamoteados no governo. Na última reunião com a presidente Dilma, o Eduardo disse a ela que o PSB pode ter candidato próprio em 2014. Se mais à frente a decisão do PSB for concorrer, ele vai comunicar a Dilma sobre a decisão. Sacrificamos a candidatura Ciro Gomes em 2010. Representamos um campo político e não pregamos o anti-PT, o anti-Lula, o anti-Dilma. O foco está no período pós-Lula e pós-Dilma. Não vivemos de comparações sobre o que já passou. O pensamento é mais adiante, vencida a etapa da política polarizada por PT e PSB.   O ex-ministro Ciro Gomes pode deixar o PSB e embarcar no PT?
Não há razão para ele deixar o partido. Ciro, inclusive, faz acusações graves à aliança PT-PMDB, que considera uma relação promíscua. Seria incoerência dele sair do PSB.   Lula quis ‘rachar’ o PSB incentivando a dissidência dos irmãos Gomes?
Não achamos que Ciro Gomes e o governador Cid são instrumentalizados pelo PT. A vontade da maioria do PSB é ter candidato em 2014. Para isso precisamos de maturidade e diálogo com outras forças políticas, além de arranjos regionais para oferecer aos aliados.   Quem será o ungido pelo PSB ao governo de Minas Gerais em 2014?
Marcio Lacerda, no nosso horizonte, deve ser o candidato do PSB ao governo. A gestão dele é motivo de grande orgulho para o PSB. Um exemplo para nós. Ele tem expertise e resultados concretos. O deputado Júlio Delgado também é um nome de peso, pois marcou a disputa pela presidência da Câmara com honradez e seriedade. No tempo certo, vamos organizar e definir.   Lacerda, reeleito com o peso do PSDB, tem ‘fatura’ a pagar em 2014?   A manutenção da aliança com os tucanos vai depender do cenário nacional no próximo ano.   A executiva nacional intervirá no diretório mineiro comandado por Walfrido Mares Guia?
Não há concretude nisso. Eduardo Campos e eu queremos bem a ele. Vamos convergir, na mesma direção.    Antecipar o debate eleitoral não deveria ser papel da oposição? 
O governo antecipar o debate eleitoral não é normal. Essa decisão, tomada pelo ex-presidente Lula, pode atrapalhar o governo e causar uma desarrumação política nos estados. Não se pode deixar de lado a agenda de 2013, que prevê temas importantes, como reformatar o Fundo de Participação dos Estados (FPE). Os marcos regulatórios (da mineração, rodovias, portos), o orçamento da União para 2013, a redivisão dos royalties do petróleo e outros temas estão sendo preteridos. Queremos ajudar o governo Dilma nessas agendas estratégicas, para que não se percam as conquistas dos últimos dez anos.   Qual é o tema prioritário no Congresso este ano?
O Brasil precisa fazer a revisão do Pacto Federativo. O governo federal faz benesses com o dinheiro dos estados e dos municípios adotando a desoneração de alguns setores da economia. No que toca à saúde e à educação, os encargos maiores são dos estados e dos municípios. O repasse federal para a saúde hoje é menor do que no passado. A União não pode repassar apenas as responsabilidades, sem a devida contrapartida de recursos para esse fim. Resolver a questão dos royalties do petróleo é o primeiro passo para um novo pacto federativo.    O PSB tem hoje muito mais unidade em relação à candidatura de Eduardo Campos do que tinha em relação ao apoio a Dilma em 2010? Isso é claro e evidente. Hoje estamos em um outro momento. O PSB cresceu, elegeu e reelegeu prefeitos, tem boas administrações municipais e estaduais bem avaliadas pela população. Em Recife e Fortaleza, o PSB venceu o PT. A estatura que o partido adquiriu nos permite isso nesse momento histórico, apresentar candidatura própria. O PSB não aceita pressão nem interferências em suas  decisões. Estamos coesos e não vamos alterar nossa dinâmica de tomar decisões. Mantemos a transparência. Não escondemos os propósitos internos do PSB. Essa agenda eleitoreira, só de projeto de poder, não é perfil do PSB.   Marina, Aécio ou Eduardo: quem terá a chance de enfrentar e vencer o PT em 2014?
De todos os candidatos, o melhor é Eduardo Campos. Temos de sair da briga entre ‘nós’ e ‘eles’. Talvez tenha chegado a hora de disputar entre nós mesmos. É preciso modernizar a gestão, estabelecer metas a alcançar, uma mudança de conceito. Faz vinte anos que comparamos o ontem com o hoje. Chegou a hora de fazer o futuro, longe desse debate aí. Podemos ter uma eleição  muito qualificada com esses quatro nomes políticos bem preparados para debater o país que temos e o país que queremos. Será bom para o Brasil. A pluralidade de ideias é importante.    A proposta de reforma política, relatada por seu conterrâneo Henrique Fontana, poderá ser aprovada este ano?
Creio que não, porque a reforma política é complexa, ampla e tem de envolver a sociedade. Temos de ver onde há convergência e divergências sobre os temas da reforma política. Quando se quer mudar tudo, não se muda nada. Discutir a coincidência das eleições é possível. Mas o financiamento público sem lista não tem como funcionar. Para o PSB, unificar as eleições é perfeitamente  possível. Eleições separadas, a cada dois anos, não constroem a identidade ideológica e nem política. A reforma política precisa de ter racionalidade.   O movimento sindical hoje está mais atrelado aos partidos políticos do que antes? 
Os sindicatos têm de estar atrelados aos interesses dos trabalhadores. É natural que dirigentes sindicais tenham convicções políticas e se filiem a partidos políticos. O sindicato tem de ser plural, ter o foco nos trabalhadores. Por exemplo, o movimento dos portuários é legítimo, lutam por sua segurança.    O Judiciário brasileiro tende a criminalizar os movimentos sociais?
O Judiciário, dentro do seu quadrante, tem de exercer suas tarefas constitucionais. O Congresso Nacional colocou na Constituição que é sua responsabilidade examinar os vetos presidenciais e não examinou.    O Sr. concorda com a iniciativa da OAB de denunciar o governador de seu estado na Corte Internacional de Direitos Humanos da OEA por causa do sistema carcerário?
  O Presídio Central é uma dura realidade do Rio Grande do Sul há muitos anos. A preocupação da OAB não deveria ter surgido apenas agora. O governador Tarso Genro está no meio de seu mandato. A decisão da OAB tem mais cunho político do que Justiça aí embutida.       Leia mais na edição digital

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