Em visita em 2011 a Cuba, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria intercedido junto ao governo da ilha em favor dos interesses da Odebrecht. Segundo documentos obtidos pela revista Época, o petista reiterou ao dirigente Raúl Castro o desejo de aumentar a presença brasileira no país e citou o compromisso da presidente Dilma Rousseff nesse sentido. Lula disse, na ocasião, que o financiamento ao porto Mariel estava "garantido" e não haveria mudanças, conforme trecho de telegrama do Itamaraty reproduzido pela publicação.
Os documentos mostram que a operação de financiamento do porto cubano tinha como garantia recebíveis da indústria tabagista cubana depositados em conta de um banco cubano e que o governo brasileiro aceitou arcar com os riscos políticos e extraordinários do empréstimo.
Segundo a publicação, executivos da Odebrecht pediram ajuda de Lula pela liberação de mais R$ 150 milhões para as obras da empreiteira no porto de Cuba, o que aconteceu poucos meses depois da visita do ex-presidente à ilha.
A revista também divulga documento com relato do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior Fernando Pimentel disse a Raúl Castro que não faltariam recursos para o apoio brasileiro à modernização da economia da ilha. Pimentel também teria incentivado o país a investir na produção de energia a partir do etanol, com a construção de usinas, o que seria de interesse da Odebrecht. O atual governador de Minas Gerais assinou memorando para conceder empréstimo de US$ 176 milhões para a modernização de cinco aeroportos em Cuba. Uma das obras começou a ser feita em março deste ano pela Odebrecht.
Pimentel nega ter atuado em favor de empresas e a pedido de Lula quando estava à frente do MDIC. A Odebrecht nega a influência do ex-presidente em suas obras em Cuba e o BNDES diz que trata a empreiteira como todas as outras empresas. O Palácio do Planalto disse desconhecer o conteúdo dos documentos mencionados pela revista e Lula não quis se manifestar sobre a reportagem.
Lula é alvo de procedimento investigatório criminal da Procuradoria da República no Distrito Federal, que apura se houve tráfico de influência internacional do ex-presidente em favor da construtora Odebrecht no exterior.