Mais de 80% dos repasses feitos aos comitês das campanhas do 2.º turno em São Paulo não podem ser rastreados. A maior parte do dinheiro que financiou as candidaturas à Prefeitura de Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) foi arrecadada por diretórios nacionais, estaduais e municipais, e só então entregue aos candidatos - o que impossibilita a identificação dos doadores.
A chamada "doação oculta" não é ilegal. Empresas interessadas em contribuir com campanhas podem fazer repasses aos partidos, que depois transferem o dinheiro para comitês de campanha ou para as contas abertas pelos próprios candidatos. Algumas empresas usam esse expediente para evitar que sejam ligadas a candidatos específicos e políticos eleitos no futuro.
Os petistas arrecadaram R$ 36,7 milhões, dos quais R$ 27,3 milhões têm como origem a direção nacional do partido. No total, não poderão ser rastreados 83,4% dos repasses feitos aos comitês que financiaram parcialmente as campanhas de Haddad e dos vereadores da coligação.
A maior parte dos recursos arrecadados pelos comitês petistas foi usada na campanha de Haddad. Segundo os números apresentados pelo partido ao Tribunal Superior Eleitoral, 60,2% (R$ 22,1 milhões) do dinheiro doado aos comitês foi repassado diretamente ao candidato a prefeito. O restante do dinheiro foi destinado aos candidatos a vereador ou usado para pagar despesas dos comitês, como a contratação com advogados, e contas de luz e água.
Os comitês que financiaram partes das campanhas de Serra e dos vereadores de sua coligação receberam doações de R$ 33,9 milhões. Desse total, só 18% foram arrecadados diretamente pelos comitês. O diretório estadual repassou indiretamente aos comitês R$ 15 milhões e a direção nacional transferiu R$ 12,7 milhões para financiar as campanhas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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