Minas foi muito importante para a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República neste ano. No entanto, a representatividade do Estado na equipe de transição do governo é bem pequena, se limitanto a sete nomes entre os 270 integrantes dos grupos temáticos.

Para o cientista político Christopher Mendonça, professor de Ciência Política do Ibmec, há uma "sub-representação do Estado, que foi crucial para a vitória do próximo presidente".

Nesta quarta-feira (16), o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), coordenador-geral da equipe de transição, anunciou os nomes dos coordenadores de mais 16 grupos de trabalho (GTs) para atuação na transição, fechando a lista, que já contava com 14 grupos.

Do total relacionado, os sete mineiros são André Janones (grupo técnico de Comunicação Social), Alexandre Silveira (área da Infraestrutura), Macaé Evaristo (equipe da Educação), Áurea Carolina (área da Cultura), André Quintão (Assistência Social), Nilma Lino Gomes (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Políticas públicas para as mulheres).

"Nenhum dos nomes é surpresa”, avalia Christopher. “Eleonora Menicucci foi ministra nos governos petistas e Nilma Lino Gomes também. André Quintão é um nome tradicional do PT mineiro e muito ligado ao ex-governador Fernando Pimentel. Macaé Evaristo, eleita deputada, também compõe o grupo do ex-governador mineiro, tendo sido sua secretária de Estado. Janones foi um nome importante na campanha e precisa do reconhecimento do trabalho realizado. Foi ele quem coordenou a frente virtual da campanha petista. Áurea Carolina, embora tenha desistido de concorrer a um novo cargo de deputada federal, é uma ativista importante, principalmente na área dos direitos humanos”, completa o professor.

Para o especialista, pelo menos por enquanto, Minas não tem lugar de relevância na equipe do futuro governo Lula. Há que se esperar ainda a divulgação dos futuros ministros. O presidente eleito disse que os integrantes da equipe de transição não serão, necessariamente, os donos das pastas federais.

Em coletiva na semana passada, Lula informou que a formação dos ministérios só seria consolidada após retorno da viagem ao Egito, onde o petista participa da COP27. Nesta quarta-feira, inclusive, Lula discursou na Conferência das Partes e assumiu compromisso com a preservação do meio ambiente.

Grupos temáticos
Os 270 nomes que integram a equipe de transição, divididos em 30 grupos temáticos, representam uma formação complexa, na avaliação de Christopher Mendonça.

“Busca abarcar os vários grupos políticos, sociais e econômicos do país”, afirma. “Pela equipe de transição, imaginamos como deverá ser o governo. Marcado por uma diversidade de frentes e uma grande complexidade na tomada de decisão”, avalia.

Já com um olhar voltado para Minas Gerais, a avaliação é diferente. “Todos os nomes de mineiros selecionados por Lula são pessoas já tradicionalmente do campo da esquerda, o que demonstra uma dificuldade do próximo presidente em conversar com forças políticas distintas aqui no nosso Estado”, afirma o professor.

Até 10 de dezembro, a equipe deve divulgar o relatório final com os diagnósticos realizados no período. Devem constar do relatório informações como a estrutura e organização do governo, principais problemas, contratos em andamento e medidas emergenciais que devem ser tomadas já no início do próximo governo.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, coordenadora de Articulação Política da transição, informou que nesta quinta-feira (17) serão anunciados os parlamentares que integrarão cada grupo de trabalho. Eles são dos partidos que compõem a base política da transição e atuarão no levantamento de matérias que estão em tramitação no Congresso Nacional, correlatas a cada temática dos grupos.

*Com Jader Xavier e Agência Brasil

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