O empresário Eike Batista afirmou nesta terça-feira (17), que contratou o ex-ministro José Dirceu para que ele "ajudasse com o governo da Bolívia" no andamento de um empreendimento de siderurgia naquele país. O lobby foi contratado em 2006, no primeiro ano de Evo Morales na presidência, quando foi anunciada a nacionalização de diversos empreendimentos estrangeiros que atuavam em solo boliviano.
Em depoimento à CPI do BNDES da Câmara, Eike explicou que tinha um projeto na fronteira do Brasil com a Bolívia, com minas de ferro em Corumbá (MS) e no país vizinho. "A gente ia botar a Bolívia no mapa do mundo na área de siderurgia", disse.
De acordo com Eike, a contratação de Dirceu seria a maneira de conversar com o governo boliviano. "Contratei para fazer um estudo, me ajudar com o governo da Bolívia a botar o projeto em pé, e não ficou em pé", afirmou. "Não sou amigo (do José Dirceu). Ele fez um projeto de consultoria num projeto específico".
"Eu fui nacionalizado, sofri uma agressão", disse, sobre a medida do governo boliviano. O pedido de ajuda a Dirceu, segundo ele, foi para tentar reverter a "decisão tão radical" do País. Apesar da tentativa de encaminhar o empreendimento, o projeto acabou sendo deixado de lado.
Aos deputados, Eike ainda reclamou que o governo brasileiro oficialmente não se posicionou com intensidade em relação ao caso. "Esperava que o meu País fosse defender um investimento brasileiro no exterior", ressaltou.
Lula
O empresário disse que, anos depois do ocorrido, após 2012, quando suas empresas entraram em colapso, procurou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir ajuda. "Será que é possível a Petrobras fazer encomendas no meu estaleiro?", afirmou Eike, como um dos questionamentos apresentados na busca por desafogar suas companhias. "Claro que tentamos (ajuda do governo)", disse, antes de dizer que não conseguiu apoio. Segundo ele, o governo não ajudaria um bilionário.
Questionado se é amigo de Lula, Eike respondeu que sim. "O presidente Lula olha pra mim como um brasileiro que ajuda o País", afirmou.