BRASÍLIA - Servidora do Senado, a namorada do ex-ministro José Dirceu terá descontos em seu salário porque não apareceu para trabalhar nesta semana. Ao lado do namorado, Simone Patrícia Tristão Pereira esteve na Bahia para descansar em uma praia nas redondezas do município de Itacaré.
Na sexta-feira (15), Dirceu se entregou à Polícia Federal, em São Paulo, após o STF (Supremo Tribunal Federal) expedir 12 mandados de prisão contra condenados no processo do mensalão.
Segundo o Senado, o controle de frequência da Casa mostrou que Simone Tristão não vem registrando ponto desde o dia 11. O controle de ponto é obrigatório para que os servidores recebam integralmente os salários. Em nota, o Senado disse que vai aguardar o retorno da servidora para que ela justifique os motivos da ausência. Mas a chefia imediata da servidora, que ocupa a função de especialista em marketing de relacionamento no Interlegis (Instituto Legislativo Brasileiro), já registrou "falta injustificada" para Simone.
As faltas sem justificativas resultam no corte salarial nos dias em que a servidora não registrou o ponto eletrônico. A servidora foi nomeada no dia 8 de agosto para ocupar a função. O Interlegis é o órgão da estrutura do Senado Federal responsável pela capacitação profissional de servidores. O salário mensal da servidora, segundo o Portal da Transparência do Senado, é de R$ 12,8 mil.
Na época de sua nomeação, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), negou ter indicado a servidora para o cargo. A nomeação ocorreu em meio ao processo, deflagrado por Renan, de reduzir o número de cargos de confiança no Senado e a estrutura de pessoal, especialmente nas áreas administrativas da instituição. A nomeação de Simone foi assinada pela ex-diretora geral do Senado Dóris Romariz Peixoto, que pediu para deixar o cargo no mês passado, depois de discutir com Renan. A ex-diretora disse a interlocutores que discordava de medidas adotadas pelo presidente da Casa relacionadas aos cortes na área administrativa.
Segundo a revista "Veja", Dirceu teria pedido a Renan para indicar sua namorada para o cargo por ser amigo do presidente do Senado, com quem teria uma "excelente relação". Renan nega a acusação. Na época da nomeação, Dirceu confirmou, por meio de sua assessoria, que é namorado de Simone. Mas negou que tenha pedido a Renan para indicá-la para o cargo. Segundo assessores do ex-ministro, Simone já havia trabalhado na Câmara dos Deputados e chegou ao Interlegis por sua "capacidade profissional".
Renan também disse, na época, que não pretendia exonerar a namorada de Dirceu do cargo que ocupa no Interlegis uma vez que cabe à sua chefia imediata analisar o seu desempenho profissional -uma vez que diz não ter conhecimento da indicação da servidora.