O anonimato dos brasileiros que enviaram dinheiro para off-shores, que movimentaram nos últimos anos cerca de 32 bilhões de dólares livres de impostos, está com os dias contados. Jornalistas investigativos do mundo inteiro começaram uma devassa na vida de políticos, empresários e personalidades públicas do mundo que giraram recursos irregulares.
Trinta brasileiros
Dentre os investigados, mais de 30 são brasileiros e cinco deles mineiros. O projeto é da associação Internacional Consortium of Investigative Journalists (ICIJ), entidade sem fins lucrativos, com sede em Washington (Estados Unidos), que reuniu 86 jornalistas de 46 países que juntos analisaram os mais de dois milhões documentos sobre a movimentação financeira, corrupção e registros bancários dos suspeitos do mundo inteiro.
Denúncia na mídia
As denúncias serão publicadas em órgãos de comunicação, como os jornais The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), Suddeutsche Zeitung (Alemanha) e Canadian Broscasting Corporation. No Brasil, ainda não foi definido em qual veículo as falcatruas dos brasileiros serão publicadas.
De acordo com informações da ICIJ, é o maior trabalho de investigação jornalística da historia, em numero de órgãos de comunicação e países envolvidos.
Casos apurados
Jean-Jacques Augier, tesoureiro da campanha eleitoral do presidente da França, François Hollande, lançou distribuidora na China com base nas ilhas Cayman e tendo como sócio uma empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas.
• O magnata da construção Hassan Gozal, do Azerbaijão, controla entidades nos nomes das duas filhas do presidente do país.
• Uma senadora canadense depositou mais de US$ 1,7 milhão num off-shore. Pagou as tarifas em dinheiro e pediu para que as comunicações escritas fossem reduzidas ao mínimo.
• A colecionadora de arte espanhola, baronesa Carmen Thyssen-Bornemisza, usa off-shores para comprar quadros. Um dos cinco Van Gogh que adquiriu, Moinho de Água em Gennep, foi comprado através de uma sociedade nas ilhas Cook.
• Um dos clientes dos off-shores nos Estados Unidos é Denise Rich, ex-mulher do magnata do petróleo Marc Rich, que esteve envolvido em acusações de fuga aos impostos por parte do ex-presidente Clinton. Denise Rich colocou US$ 144 milhões no Dry Trust, nas ilhas Cook.
Esculhambação
No passado a estatal Correios e Telégrafos gozava de prestigio e credibilidade junto à população, mas hoje a história mudou. Em Belo Horizonte, há agência que não tem horário para abrir nem fechar. A unidade da avenida Brasil, perto da praça Floriano Peixoto, no Santa Efigênia, é uma esculhambação. Do lado de fora da agência, uma placa mostra que o local funciona por 9 horas. O fechamento é às 18 horas, mas as portas só são abertas depois das 10 horas.