O ex-governador do Rio Grande do Sul, ex-prefeito de Porto Alegre, ex-ministro das Cidades e ex-presidente do PT Olívio Dutra sugeriu que o também ex-presidente do partido José Genoino não deveria ter assumido o mandato de deputado federal depois de ter sido condenado a 6 anos e 11 meses no julgamento do caso do Mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Também lembrou ter advertido a sigla para o perigo que as "más companhias representavam", em uma referência à entrega de cargos para garantir a governabilidade.
Olívio falou sobre as mazelas do PT no estúdio da Rádio Guaíba, no programa Esfera Pública, apresentado pelo jornalista Juremir Machado da Silva. O ex-governador chegou a conversar ao vivo com Genoino, que concedeu entrevista por telefone. "Eu acho que tu deverias pensar na tua biografia, na trajetória que tens dentro do partido", afirmou Olívio, em conversa direta com Genoino, na qual chegou a sugerir que o companheiro deveria renunciar ao mandato que assumiu.
"É uma opinião pessoal, mas tenho convicção de que assumir nessas condições não foi a melhor escolha para a tua própria trajetória e para o sentimento partidário", ressalvou. Genoino reiterou não ter cometido crime enquanto foi presidente do partido. "Fui condenado à noite e no dia seguinte eu saí do governo porque era cargo comissionado", lembrou. "É diferente de uma eleição. Os eleitores me delegaram o cargo de suplente. Esses eleitores não têm encontrado nenhuma restrição ao fato de eu assumir", afirmou.
Em outro trecho da entrevista, Olívio reiterou críticas ao que seriam as "más companhias" das quais o PT teria se aproximado. "Eu avisei em uma ocasião que íamos sofrer com as más companhias, que não são somente aquelas de fora para dentro, mas também de dentro do partido à medida que vão chegando pessoas, à medida em que tu tens cargos a oferecer", destacou.
"Há pessoas no partido que não conhecem nada da história nem da razão de ser (do PT)", prosseguiu. "O PT falha nisso, deixa de ser uma escola política e passa a agregar pessoas por conta dos cargos". Olívio também disse que mantém confiança na credibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deu a entender que considera a sigla maior do que qualquer problema pontual. "O partido não é o Dirceu, nem o Lula, nem a Dilma, nem o Tarso e nem o Olívio; o partido é uma construção coletiva da democracia brasileira", afirmou. (AE)
http://www.estadao.com.br