Os políticos brasileiros deveriam ter conhecimento da espionagem no país

Hoje em Dia
16/09/2013 às 06:30.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:25

Em sua coluna dominical de análises internacionais, o ex-presidente da Fiemg Stefan Salej, que fez mestrado em Ciências Políticas pela UFMG e vários cursos no exterior, comenta, em seu artigo publicado ontem neste jornal, a espionagem dos Estados Unidos no Brasil. “O espanto generalizado de que eles estão nos espionando é de um tal cinismo ou ignorância de nossos políticos que é motivo de muita preocupação com nosso futuro”, diz.

Os políticos deveriam saber que há espiões de muitos países agindo há muito tempo no Brasil, enquanto o país revela grande desdém com a segurança interna e externa. Para Salej, o Brasil precisa pôr em prática uma doutrina de defesa e segurança do estado democrático, como fazem os Estados Unidos e outros países.

Enquanto isso, conforme reportagem publicada ontem pelo jornal “Folha de S. Paulo”, a atuação dos espiões americanos não se limita à espionagem eletrônica revelada pelos documentos de Edward Sowden, ex-analista da NSA, a Agência de Segurança Nacional. Agentes da CIA atuam livremente no Brasil, com autorização do próprio governo brasileiro. Pelo menos uma vez por semana, dois agentes chegam a um dos prédios da Polícia Federal, em Brasília, para participar de reunião com policiais que investigam terrorismo no Brasil. O prédio, os computadores e parte dos equipamentos foram financiados pelos Estados Unidos.

Os agentes da CIA orientam investigações feitas pela PF. Por exemplo, na Operação Vampiro, desencadeada em 2004 contra fraudadores do Ministério da Saúde. É uma parceria formalizada em 2010, mas que existe muito antes disso. O ex-secretário nacional Antidrogas, Walter Maierovitch, opinou contra a oficialização, “porque era um acobertamento para a espionagem desenfreada, sem limites”.

Segundo um diretor da Federação Nacional dos Policiais Federais, Alexandre Ferreira, “o que mais tem é americano travestido de diplomata fazendo investigação no Brasil”. A Polícia Federal conta com bases para o combate ao terrorismo no Rio de Janeiro, São Paulo, Foz do Iguaçu e em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas. Todas têm equipamentos e tecnologia da CIA para auxiliar nos trabalhos e agentes americanos atuando em parceria com os brasileiros. O professor Eurico Figueiredo, do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense, confirma: o problema é que o Brasil não se protege contra um parceiro que, na verdade, busca seus próprios interesses.

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