A corrupção é um câncer que torna a sociedade doente, e a Operação 'Lava Jato' é a cirurgia que vai extirpar essa doença. Foi utilizando-se de imagens médicas que o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, arrancou risos e aplausos de cerca de 750 pessoas na noite deste domingo (2), em Curitiba, durante a abertura de um congresso de medicina.
Convidado para fazer a conferência de abertura do 31º Congresso Brasileiro de Cirurgia, na capital paranaense, Dallagnol questionou os médicos presentes se eles deixariam de lutar e de empregar todos os esforços se tivessem um filho com apenas mais seis meses de vida. O recado que quis passar era: "Por algumas causas vale a pena lutar, independentemente do resultado".
"Ao salvar vidas, vocês são os heróis do nosso país", afirmou o procurador, no início de sua fala. Ao explicar a função do Ministério Público Federal, disse que o órgão deve servir à sociedade. "Eu sou servo dos senhores", acrescentou.
Com a ajuda de slides e de vídeos, mostrou em sua exposição os números da corrupção no país e elencou os problemas que ela causou ao Brasil, ao longo da história. "A Lava Jato transforma o país?", questionou. Antes de dar a resposta, pediu para que cada participante fizesse a mesma pergunta para a pessoa ao lado e que refletisse durante um minuto.
Após o debate na plateia, o procurador afirmou que a Lava Jato "trata de um tumor" e que o melhor que pode vir é a devolução do dinheiro desviado e a punição dos corruptos.
Dallagnol falou ainda sobre as dez medidas que defende para endurecer o combate à corrupção. Ele pediu assinaturas para a campanha do Ministério Público Federal que tenta endurecer leis contra a corrupção, a exemplo do que fez no mês passado ao falar para cerca de 200 pessoas numa igreja batista na Tijuca, na zona norte do Rio.
Dallagnol usou em sua palestra, como exemplo, a situação de Hong Kong, que conseguiu diminuir os casos de corrupção e até forçou pessoas a fugirem. "Como seria no Brasil?", questionou.
O procurador contou ter sido reconhecido por uma mulher dentro do avião que lhe disse que a Lava Jato "não vai dar em nada". Sobre a ideia de impunidade, foi incisivo: "Nós não podemos perder a nossa capacidade de nos indignar. Eu não compro a tese de que o Brasil não tem jeito".
No fim da palestra, Dallagnol recebeu um jaleco do presidente do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, posou para fotos segurando a peça e depois a vestiu, sendo aplaudido pelo público.