PF apura dono do terreno comprado por laranja no ES

Ana Flávia Gussen - Hoje em Dia
28/11/2013 às 07:39.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:25

(Polícia Federal)

Documentos da Polícia Federal obtidos pelo Hoje em Dia revelam detalhes da operação que culminou na apreensão de 443 quilos de cocaína pura em um helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD). Uma das linhas de investigação aponta que um suposto “laranja” – comerciante de nome Hélio – teria comprado por preço superfaturado a fazenda Tatagiba onde a droga foi descarregada.

Os depoimentos apontam para uma quadrilha com atuação em quatro estados: Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Espírito Santo.

Localizada na zona rural de São Domingos, entre Afonso Cláudio e Brejetuba, a fazenda de 11 alqueires teria sido adquirida há 30 dias por um homem de Vila Velha, na Grande Vitória.

Ele comprou por R$ 500 mil o terreno avaliado em R$300 mil. O antigo dono estaria morando em Portugal e uma terceira intermediou o negócio. O pagamento ainda não teria sido feito, assim como o transferência do imóvel. Quatro envolvidos foram presos em flagrante e estão detidos em Viana.

Os “contratados”

Robson Ferreira Dias, responsável por receber a droga, admitiu em depoimento, que trabalha para um “fazendeiro” conhecido como Chácara. Esse “fazendeiro”, que reside em Ponta Porã (MS), atuaria também no Rio de Janeiro. Robson diz que foi contratado por ele para pegar a carga e transporta-la até um posto de gasolina na BR 262 em Afonso Cláudio. Ele receberia R$ 20 mil na transação.

O co-piloto Alexandre José de Oliveira Júnior admitiu em depoimento que foi contratado por um homem chamado Harley para fazer o transporte da carga do Campo de Marte em São Paulo para a fazenda em Afonso Cláudio. Ele diz que já havia sido contratado por Harley em outras ocasiões e não sabia que se tratava de cocaína. Afirmou que receberia R$ 60 mil – divididos com o piloto – para efetuar o transporte.

Everaldo, que também recebeu a droga, disse que pensou que se tratava de “muamba” do Paraguai e que receberia U$ 100 para mostrar o caminho até a fazenda.

Contradição

O piloto Rogério Antunes entrou em contradição no depoimento, ao dizer que não sabia qual a carga, mas, depois, afirmar que foi contratado para transportar “um ilícito”. Ele disse que chegou a imaginar que o “ilícito” era droga. À PF ele disse que a viagem durou 18 horas. Eles saíram de São Paulo, abasteceram em Divinópolis e desceram em Afonso Cláudio. Rogério disse que tinha autorização para fazer fretes e que receberia R$ 106 mil pelo serviço.

O piloto informou que trabalha para o senador Zezé Perrella, mas que os donos do helicóptero não sabiam do que estava sendo transportado. A informação já havia sido divulgada pelo delegado que investiga o caso, embora contestada pela defesa do piloto. O advogado Nicácio Tiradentes diz que ele agiu sob pressão.

Perrella será ouvido pela Polícia como testemunha

A Superintendência da Polícia Federal do Espírito Santo expediu na quarta-feira (27) carta precatória para tomar depoimento do deputado Gustavo Perrella (SDD), de sua irmã Carolina Perrella, e um primo, André Costa. Por ora, eles serão convocados apenas na condição de testemunhas do inquérito.

Os três são sócios da Limeira Agropecuária, proprietária do helicóptero e contratante do piloto Rogério Antunes. Segundo o advogado da família, Antônio Carlos, a data do depoimento ainda não foi definida.

Nesta quarta-feira, Castro voltou a reiterar, em defesa de seu cliente, que a análise das mensagens em SMS enviadas pelo piloto ao deputado estadual Gustavo Perrella mostrarão que ele não sabia do que se tratava o transporte. De acordo com a defesa do parlamentar, a mensagem não deu sequer a entender que haveria um transporte de carga. Na mensagem, o piloto diz que conseguiu um frete, mas não diz o que era a carga, como afirma também o seu advogado.

Até o fechamento dessa edição, o advogado do piloto Rogério Antunes, Nicácio Tiradentes, não confirmou se já havia entrado com pedido de liberdade provisória.

Acusados fizeram até churrasco

Os relatos dos policiais que fizeram campana no local onde a droga foi apreendida, disseram à PF que os presos chegaram a fazer um churrasco na Fazenda uma semana antes da prisão. No dia da operação, policiais à paisana viram o Polo Branco de Robson estacionar em um terreno vizinho da fazenda Tatagiba.

O condutor e Everaldo desceram, retiraram galões de gasolina do carro e fizeram um retângulo com plástico preto no chão de 2X5 metros. Nesse momento a aeronave prefixo PRGZP pousou. Foi quando Rogério e Alexandre começaram a desembarcar a mercadoria, embalada em sacos pretos. Nesse momento, às 18h30 a política executou o flagrante. 

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