Pimentel e Pimenta trocam agressões verbais durante o último debate antes das eleições

Fernando Dutra - Hoje em Dia
30/09/2014 às 23:42.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:25
 (Samuel Costa/Hoje em Dia)

(Samuel Costa/Hoje em Dia)

A Rede Globo Minas promove na noite desta terça (30) o último debate entre os principais candidatos ao governo de Minas Gerais. Fernando Pimentel (PT), Pimenta da Veiga (PSDSB), Tarcísio Delgado (PSB) e Fidélis Alcantara (Psol) participam no evento.   O clima na entrada da Globo, onde se concentravam, principalmente, os militantes do PT e do PSDB, era de tranquilidade. Cada qual balançava sua bandeira e entoava canções em apoio aos seus candidatos. Entre 800 e mil militantes de Pimenta da Veiga se concentraram desde as 19h30 no local. Do lado petista 16 ônibus, com aproximadamente 500 militantes, marcavam posição desde as 19h na porta da emissora.   O debate será dividido em três blocos e terá enfoque no confronto entre os candidatos, com temas livres e temas determinados pela organização do evento. Confira abaixo os principais destaques do debate bloco a bloco:   Tarcísio pergunta para Pimentel sobre resultados ruins no setor que Pimentel foi ministro   Pimentel: Nos últimos anos o Brasil atravessou de forma correta a maior crise internacional. A economia está em baixa por causa da crise. Nenhum emprego foi sacrificado. Nossa indústria foi protegida. Minas está em situação pior que o Brasil. O Estado ficou pra trás.   Tarcísio: A explicação é sempre a mesma. Quando está ruim a culpa é do Estado e quando está bom é mérito do governo. Os números são ruins.   Fidélis pergunta para Pimentel sobre democratização das mídias   Pimentel: Precisamos resgatar a ideia da constituinte exclusiva. É hora de discutir um novo modelo político para o país. A participação de siglas menores vai aparecer. O ideal é que todos tenham acesso. Temos que discutir uma reforma política.    Fidélis: Estou falando de democratização das mídias. Temos que limitar a verba para os grandes grupos de comunicação. Por isso, os grandes partidos aparecem muito mais.   Pimentel: Você tocou em ponto que concordo. A estrutura de comunicação do Estado de Minas deixa muito a desejar.    Pimenta pergunta para Tarcísio sobre impostos   Tarcísio: a situação é complicada. Sem dúvida Minas tem andado pra trás. Não dá pra continuar dessa forma. Recentemente a Fiat foi pra Pernambuco e a Mercedes para São Paulo. Há algo de errado com nosso Estado.   Pimenta: O PT tirou de Minas 2 bilhões de reais em impostos. Fizeram medida provisória expressamente para retirar a Fiat de Minas. Levou o polo acrílico de Betim para a Bahia. Estão tirando empregos de Minas. O PT virou as costas pra Minas Gerais.   Pimentel pergunta para Fidélis sobre violência   Fidélis: O problema vem da repressão. Uma postura de política pública que prima pela compra de mais armas e pelo aumento do efetivo. Somos a favor da desmilitarização. Precisamos de construir outra polícia.   Pimentel: Acho que temos que equipar a polícia sim. Tem que modernizar a polícia civil e militar. Se não fizermos isso vai continuar morrendo jovens no Estado. Uma polícia cidadã passa por uma polícia bem informada e bem equipada.   Fidélis: Não disse que eles defendem a mesma coisa? Não adianta equipar a polícia, isso não diminui a violência em lugar algum. A polícia tem que ser desmilitarizada, essa é uma indicação da ONU e nenhum Estado teve coragem de fazer isso no Brasil.   Pimentel pergunta para Tarcísio sobre cultura e uso de leis de incentivo   Tarcísio: A cultura é fundamental. O Estado não tem que presidir cultura. Tem que dar recursos para grupos culturais comandarem a cultura. O Estado não pode ser o promotor cultural. É apenas o financiador.   Pimentel: Em 12 anos, por ausência de política cultural no Estado, os recursos ficaram concentrados  na região central de Minas. O que houve aqui foi uma apropriação dos mecanismos culturais pelos projetos do governo do Estado.   Tarcísio: Em Juiz de Fora criamos uma fundação para incentivar e promover a cultura através dos agentes culturais.   Fidélis pergunta para Pimenta sobre a terceirização da distribuição dos medicamentos em Minas   Pimenta: O programa Farmácia de Minas está levando remédios  a todas as regiões do Estado.   Fidélis: Especializado tem que ser o Estado. Saúde não é mercadoria. Isso é uma forma de enfraquecer os investimentos na saúde. O Estado tem compromisso com as empresas que o financiam.   Pimenta: Os hospitais regionais de Ibirité, de Uberlândia e de Pirapora estão funcionando. Quem negar isso está mentindo   Tarcísio pergunta para Pimentel sobre educação   Pimentel: Valorização dos professores. Pagar o piso do salário que não é pago pelo governo. Equipar bem as escolas, que são muito mal equipadas. Tem escolas que não tem nem esgoto sanitário. Como podemos ter a melhor educação do sudeste, como dizem, com esses dados? Criar escola integral e as escolas técnicas.   Tarcísio: ensino fundamental os municípios mantém. O ensino médio, a cargo do Estado, nada se fez nos últimos anos.   Pimentel: Vamos criar os Centros Integrados de Ensino Múltiplo. Há verba para a educação e nós vamos cumprir os 25% de verbas para a educação. 90% das escolas públicas do Estado não tem biblioteca. Vamos melhorar o básico e depois avançar.   Pimenta pergunta para Pimentel sobre energia elétrica   Pimentel: É um problema grave em Minas Gerais. A conta aqui é das mais altas. As empresas saíram de Minas também por causa do valor da energia elétrica.   Pimenta: Perguntei sobre a irresponsabilidade do governo federal sobre as tarifas de energia. O  consumidor de baixa renda em Minas quase não paga imposto.   Pimentel: O candidato só escuta o que quer. Essa isenção em Minas atinge muito poucas pessoas. Ela é a mais barata mas é fictícia.

  Tarcísio pergunta para Fidélis sobre Corrupção, mensalões, Petrobras, aeroporto, viaduto...   Fidélis: Acho que quem estava nas ruas em 2013 gritava contra a corrupção. Onde começa grande parte da corrupção? No financiamento de empresas a partidos políticos. Os partidos também financiam pros grandes meios de comunicação. Enquanto não desatrelarmos a política do mercado não vai resolver.   Tarcísio: Será que não seria a hora do eleitor ser mais exigente na hora de votar? Enquanto não tivermos eleitores melhores não teremos políticos melhores.   Fidélis: Não culpo os eleitores porque o sistema é muito bem armado. Nossa candidatura não recebe financiamento de empresa e é muito bom ver esse reconhecimento na rua.   Pimenta pergunta para Pimentel sobre a perda de eleição do senado e no ministério   Pimentel: O tema não é de interesse do eleitor, eu acho, mas vou responder. Quando deixei a prefeitura não disputei eleição. Disputei depois a eleição para senado e perdi para Aécio e Itamar, não tenho vergonha disso. Depois fui ministro de Dilma, não entendi onde perdi a eleição.   Pimenta: O senhor foi reprovado pelo eleitorado de Belo horizonte. Foi reprovado no ministério. O Brasil está em recessão e não sei como você não se envergonha. Qual sua qualificação para governar Minas Gerais?   Pimentel: Não tem nada a ver o que o candidato quer fazer, de juízo de valor, não cabe discutir isso aqui. Quero saber se a saúde e a educação melhorou.   Pimentel pergunta para Tarcísio sobre sobre saúde   Tarcísio: toda cidade polo sofre com a situação de ter que atender população de cidades vizinhas. Não tem como.    Pimentel: Falta a participação do Estado. Três hospitais que o governo diz que são estaduais na verdade são municipais. Temos que Criar os Centros de Especialidades Médicas.    Tarcísio: A judicialização da saúde vai pra cima do prefeito. O município pequeno não tem nada. Precisamos atender com o médico da família.   Fidélis pergunta para Pimentel sobre problemas de moradia   Pimentel: Moradia é uma questão fundamental. Por isso temos o Minha Casa Minha Vida, que ajuda a melhorar o deficit de moradias e ajuda as empreiteiras. Em Minas o programa andou devagar, porque a Cemig não faz ligação de luz e a Copasa não faz ligação de água.   Fidélis: Minha Casa minha Vida não resolve as moradias, resolve pras construtoras. A solução é o Minha Casa Minha Vida entidades. Você assume o compromisso de não desocupar as famílias hoje, sem polícia. Reconhecer as ocupações como legítimas.   Pimentel: O tema é grave. Temos que respeitar o direito de propriedade, mas não podemos ignorar o problema. Hoje não há um canal de comunicação com as ocupações.   Fidélis pergunta para Pimentel sobre privatização de estradas   Pimentel: O governo do Estado fez um esforço, criou o Proacesso, um bom programa, mas ele parou. Vamos retomar e ampliar o programa, direto com os municípios. Vamos dar autonomia aos municípios. Pedágios só quando forem necessários.   Fidélis: Elogiar o Proacesso é não ter compromisso com a população. As estradas não tem acostamento. Antes de estradas temos que construir ferrovias.   Pimentel: A obra da 381 já começou e o Anel rodoviário não começou porque o Estado não conseguiu licitar o projeto. Vamos apoiar os municípios para que eles cuidem de suas estradas. Eles são os melhores fiscais.

Pimentel pergunta para Tarcísio sobre queda de empregos em Minas   Tarcísio: O desempenho de Pimentel como ministro é uma das causas que está promovendo desemprego. Precisamos de tarifas mais condizentes. Precisamo de segurança para ter competitividade. Precisamos preparar a juventude.    Pimentel: tudo que você mencionou tem a ver com o governo do Estado. O Brasil está enfrentando a crise com êxito, mas o Estado tem que fazer a parte dele.   Tarcísio: Estamos arados no desenvolvimento econômico já a algum tempo, e isso é responsabilidade do governo federal.   Pimenta pergunta para Pimentel sobre dívida pública dos Estados com o governo federal   Pimentel: Minas tem um dos maiores níveis de endividamento. O contrato feito pelo governo do PSDB que aumentou as dívidas. Alguns estados conseguiram melhorar a dívida. Minas pegou 15 bilhões emprestado com o governo federal e não conseguiu diminuir a dívida.   Pimenta: Fernando Pimentel mente descaradamente. Você precisa ter coragem pra dizer a verdade. Você é tolo.   Pimentel: A falsa exaltação do Pimenta não convence ninguém. Estou discutindo a dívida de minas. Esse espetáculo lamentável que o candidato do PSDB faz não resolve nada   Tarcísio pergunta para Fidélis sobre Maneiração   Fidélis: O governo do PSDB libera a construção de minerodutos, que é a água da nossa casa pra ser colocada num cano para japoneses levarem a preço de nada. Não adianta aumentar imposto de minério. A cidade deve ter o direito de escolher se quer e como quer a mineração.   Tarcísio: Estamos sendo roubados por empresas multinacionais. Minas tem grande riqueza mineral e dá pra ter dinheiro pro povo.   Fidélis: Eles não podem falar porque os partidos deles têm compromisso fechado com as mineradoras. Temos de fechar todos os minerodutos em Minas Gerais.

  Pimenta da Veiga: Você terá que decidir entre nossa candidatura e a do PT.   Tarcísio: Com austeridade, eficiência e melhor tributação do minério teremos recurso pra fazer o que é preciso   Pimentel: fizemos uma campanha propositiva. Vamos fazer um governo regionalizado e participativo.   Fidélis: agradeço todo o apoio que tivemos. O sonho que construímos hoje continua nas ruas.

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