Policiais civis estiveram na quarta-feira (22) na Câmara Municipal de Belo Horizonte para averiguar o painel da Casa e colher informações que possam ajudar na identificação do vereador responsável por registrar a presença de Pablito (PSDB) enquanto ele estava viajando aos Estados Unidos. O trabalho de investigação, pelo menos neste primeiro momento, será desenvolvido em parceria com o Ministério Público (MP).
Além das cópias das imagens, as marcações dos parlamentares nos dias 2, 3 e 6 deste mês foram recolhidas. “Viemos acompanhar a perícia e fazer questionamentos que vão fazer parte da investigação”, afirmou o delegado Vicente Ferreira.
Na visita, o plenário foi isolado e nem mesmo os parlamentares podiam entrar no local. Além dos policiais, estiveram na Câmara peritos especializados em áudio, vídeo e informática, além de um representante do MP.
A possibilidade de falha no painel foi descartada por dois laudos técnicos, mas os investigadores fizeram questão de analisar o telão. “Foram feitas várias simulações para que não fique qualquer dúvida”, disse.
O inquérito está na fase inicial e a previsão é de que seja concluído em 30 dias. A convocação de vereadores envolvidos não está descartada. A tendência é que o plenário continue funcionando normalmente.
Além da apuração do responsável por marcar a presença de Pablito, a investigação quer saber se o “pianista” agiu a pedido do tucano ou a mando de um terceiro parlamentar.
Corregedoria
Paralelamente à investigação, o corregedor da Câmara, Autair Gomes (PSC), ouviu ontem o vereador Juliano Lopes (PSDC). O parlamentar é o principal suspeito de marcar a presença de Pablito, já que em dois dos três dias em que foi registrada a fraude ele registrou a presença no mesmo terminal do tucano. Em uma destas situações, a diferença foi de apenas três segundos.
“Estive com o vereador (Juliano) e ele negou envolvimento. Anteriormente, ele já havia falado isso durante reuniões na Casa”, afirmou Autair. Além de Juliano, Pablito também foi ouvido e negou participação no esquema.
Na Câmara, o prazo para a conclusão da investigação deve ser um pouco menor, em torno de 20 dias. Na próxima semana, o procurador da Casa, Augusto Paulino, será ser convocado. Além dele, outros parlamentares vão prestar esclarecimentos.
Preocupado
Procurado, Juliano Lopes afirmou que só vai se pronunciar ao término das investigações. Ontem, ele participou de uma audiência pública, mas não quis gravar entrevista. Ao ser procurado, deixou o local e entrou no gabinete de um colega.
Nos bastidores da Câmara, não se fala em outro nome a não ser o de Juliano Lopes como autor da fraude. Em conversas informais, ele teria confidenciado a colegas o envolvimento no caso e estaria preocupado com o desfecho da situação. Uma das punições previstas é a perda do mandato.