Para assegurar o apoio do PTB à candidatura à reeleição, a presidente Dilma Rousseff entregou uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal ao partido, que já ocupava uma vaga na cúpula do Banco do Brasil desde junho do ano passado. A nomeação de Luiz Rondon Teixeira de Magalhães Filho, primeiro tesoureiro do PTB, para o cargo de vice-presidente corporativo do banco, foi publicada ontem no Diário Oficial da União.
O partido que já foi presidido pelo delator do mensalão, o deputado cassado Roberto Jefferson - atualmente cumprindo pena de prisão pela condenação no caso -, não ocupa ministérios na Esplanada, mas já havia sido contemplado em junho com o cargo de vice-presidente de Governo do Banco do Brasil. A vaga era ocupada pelo atual presidente do PTB, Benito Gama, que deixou o posto para se candidatar a deputado pela Bahia.
Gama assumiu o comando do PTB após Jefferson pedir licença do cargo, depois de ter sido condenado pelo Supremo Tribunal Federal. Ele esteve presente no encontro nacional do PT, na sexta-feira, em São Paulo.
O partido aliado deve formalizar neste mês o apoio à reeleição de Dilma. Atualmente com uma bancada de 17 deputados federais, o PTB contará com um tempo estimado no horário eleitoral gratuito de 38 segundos em cada bloco de 25 minutos.
Na estratégia do governo, a investida para garantir o apoio do PTB começou com o apoio à indicação do senador Gim Argello (DF) para o Tribunal de Contas da União. O plano, porém, acabou frustrado diante da reação da oposição e de técnicos do TCU pelo fato de o senador responder a processos judiciais por crimes contra a administração pública.
Ao atender à demanda do PTB, o Palácio do Planalto pretende também fazer um gesto aos partidos médios da base e neutralizar as ameaças de rebelião em siglas como PR e PROS.
Fora da Esplanada, o PTB conseguiu um cargo na Caixa que tradicionalmente era ocupado pelo PMDB. O último que despachou como vice-presidente corporativo ou de pessoa jurídica, como era chamado o posto, foi Geddel Vieira Lima, que chegou a pedir pelo microblog Twitter que Dilma o exonerasse do cargo para poder disputar a eleição ao governo da Bahia. No Estado o PMDB apoia a pré-candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência.
Com a nomeação, o PTB conseguiu ocupar cargos na cúpula dos dois principais bancos estatais do governo federal. No Banco do Brasil, Benito Gama indicou para substituí-lo Valmir Campelo, ministro que se aposentou do Tribunal de Contas da União (TCU) antes mesmo de contemplar 70 anos.
Rondon, o indicado pelo partido para a vice-presidência da Caixa, foi o homem da legenda na Eletronuclear e secretário adjunto de Previdência Complementar no Ministério da Previdência.
O deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão de Geddel, disse que a presidência nacional do partido vai se pronunciar sobre a troca, que deve levar insatisfação às bancadas. "Para o PMDB nacional é uma demonstração de perda de espaço. Não conseguiu ampliar a participação nos ministérios e ainda abre mão de espaços como esse que já estavam certos", afirmou.
'Perda de espaço'
Para a vaga de Geddel, o PMDB tinha indicado Roberto Derziê, funcionário de carreira há mais de 20 anos no banco. A escolha tinha o aval de Jorge Hereda, presidente da instituição, que queria ver um nome técnico na vaga depois que Geddel pediu demissão.
O PT emplacou na vice-presidência de Governo da Caixa José Carlos Medaglia Filho. Ele substitui Gilberto Magalhães Occhi, que saiu do banco estatal para assumir o Ministério das Cidades. Occhi é ligado ao PP.
Outros vices
O ministro conseguiu levar para a pasta Raphael Rezende Neto. Ele pediu exoneração do cargo de vice-presidente de Controle e Risco na Caixa para ser diretor de Mobilidade Urbana. No lugar dele, ficará interinamente a funcionária de carreira Alexsandra Braga.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.