Eleições 2022

Prefeitos mineiros são surpreendidos por vitória de candidato adversário

Hermano Chiodi
hcfreitas@hojeemdia.com.br
06/10/2022 às 07:20.
Atualizado em 06/10/2022 às 07:21

A disputa entre o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) colocou à prova a força política dos prefeitos das maiores cidades mineiras que escolheram lado e pediram votos para algum dos candidatos à Presidência da República. Em algumas cidades o resultado surpreendeu e, de acordo com especialistas, mostra que o eleitor pode ser mais resistente à influência de “cabos eleitorais” do que se poderia pensar.

O ex-presidente Lula terminou as eleições vitorioso em Minas Gerais, mas quando se olha apenas os maiores colégios eleitorais, o petista foi derrotado pelo presidente Jair Bolsonaro, que teve 115 mil votos a mais que o ex-presidente nas maiores cidades mineiras.

“A maior parte do eleitorado não vota com uma linearidade política. Ele pode ter avaliações diferentes dos candidatos e nem sempre segue a linha que seu candidato a prefeito ou deputado vota. É uma questão de autonomia do eleitor na hora de formar seu voto que causa essa desconexão. Uma situação que pode ser maior em eleições como a deste ano, com uma polaridade muito grande”, avalia o sociólogo e analista político Lucas Azambuja, professor do Ibmec.

Para Azambuja, o movimento que leva um prefeito a declarar apoio a um candidato ou outro não é muito diferente do que acontece com outros políticos. Como no caso do governador Romeu Zema (Novo), que neste segundo turno declarou apoio ao presidente Jair Bolsonaro e pediu expansão do metrô, obras viárias e o avanço nas negociações das dívidas do Estado com a União. Nas cidades não é diferente e, assim como no Estado, é preciso considerar a hipótese de derrota.

Em um levantamento realizado pelo Hoje em Dia, nos dez maiores colégios eleitorais de Minas - Belo Horizonte, Uberlândia, Betim, Juiz de Fora, Montes Claros, Ribeirão das Neves, Uberaba, Ipatinga e Governador Valadares - e a cidade de Poços de Caldas, no Sul de Minas, mostrou que oito deles se envolveram diretamente na disputa presidencial ou viram seus partidos fazerem alinhamento direto com uma das campanhas. Mas apenas quatro deles tiveram êxito.

No entanto, para o professor, esta situação pode mudar no segundo turno. “Eu acho que no primeiro turno, o eleitor que se identificava com ou outro candidato se mobilizou para votar. Mas no segundo turno isso pode mudar. São duas opções e o eleitor tem a tendência mais concreta de ponderar as consequências da eleição para sua vida pessoal e escolhe de forma mais objetiva entre o melhor dos dois”, destaca.

Prefeitos em alerta

Em Contagem, por exemplo, cidade da Grande BH, a prefeita Marília Campos (PT) chegou a participar de carreatas pedindo votos para o candidato de seu partido. Porém, na cidade, Lula foi derrotado por uma margem expressiva. Bolsonaro teve 47,76% contra 42,15% do petista, foram mais de 20 mil votos de vantagem para o presidente.

Em Betim, onde o prefeito Vittório Medioli (sem partido) declarou apoio a Bolsonaro e chegou a subir no palanque do presidente, Lula saiu vitorioso, com 45,78% dos votos contra 45,43% de Bolsonaro. Situação semelhante em Montes Claros, onde Humberto Souto (Cidadania) gravou vídeos defendendo a política do atual governo e pedindo votos para Bolsonaro, Lula também ganhou, com 46,63% contra 44,90% do presidente.

Em Belo Horizonte, maior colégio eleitoral do Estado, o prefeito Fuad Noman (PSD), que assumiu a prefeitura após a renúncia de Alexandre Kalil (PSD) para disputar as eleições em chapa com Lula, viu Bolsonaro vencer o petista por 46,6% contra 42,5% e ainda teve que ver o deputado Bruno Engler (PL), adversário de Kalil na última eleição para prefeito, terminar como o deputado estadual mais votado de Minas Gerais.

Mostraram força

O prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão (PP); de Ipatinga, Gustavo Nunes (PL); de Governador Valadares, André Merlo (PSDB) e de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), mostraram força, com os candidatos que apoiaram vencendo na cidade. 

Em Ipatinga e Governador Valadares o candidato apoiado pelos prefeitos era o presidente Jair Bolsonaro, que saiu das urnas nas cidades com vitórias significativas, 59,4% e 57,62%, respectivamente. Em Juiz de fora, onde Lula era o candidato apoiado pela prefeita, o petista venceu com 52,62% dos votos.

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