Prefeitos são alvo de pré-candidatos ao Governo de Minas

Ricardo Rodrigues - Hoje em Dia
07/04/2014 às 07:28.
Atualizado em 18/11/2021 às 01:59
 (Hoje em Dia)

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Tido como certo por lideranças petistas, o apoio do PMDB ao pré-candidato do PT ao governo de Minas, Fernando Pimentel, não é unanimidade entre peemedebistas e esbarra no tamanho do Estado e na quantidade de prefeitos.

Aglutinar todos eles a uma aliança definida por dirigentes estaduais e nacionais não é tarefa simples. E é nessa dificuldade que o PSDB enxerga a possibilidade de atrair o apoio de prefeitos do PMDB a partir de suas bases. Para a disputa, os tucanos contam com o histórico de três mandatos no governo de Minas.

Desde que o PSDB adotou a estratégia de estimular a divisão do PMDB e negociar com cada liderança local o apoio ao pré-candidato Pimenta da Veiga, começaram as reações dos prefeitos peemedebistas mineiros. Diógenes Fantini, de Sabará, e Getúlio Neiva, de Teófilo Otoni, por exemplo, defendem a candidatura própria ao governo.

Já os prefeitos Carlos Murta (Vespasiano) e Paulo Piau (Uberaba) tendem a apoiar Pimentel.

De modo geral, curvados à vontade de seus caciques, os prefeitos mantêm dois discursos. Um pela candidatura própria e outro em defesa da coligação com o PT no Estado, respeitando a aliança nacional pela reeleição da dupla Dilma-Temer ao Planalto. Mas o PSDB acredita que pode mudar esse jogo. A prova são aqueles prefeitos que se sentem tentados a bandear para o ninho tucano.

As visitas dos pré-candidatos petista e tucano às cidades do interior servem para, além de mapear as demandas de cada região, conversar com as lideranças locais na tentativa de angariar apoio.

Na batalha eleitoral, assim como na guerra, a invasão de territórios é legítima. Como o PSDB corre atrás dos peemedebistas, o PT resolveu dar o troco e arma o jogo de sedução dos prefeitos e vereadores do PSDB, na convicção de que há um desgaste generalizado dos tucanos em Minas. 50% dos municípios mineiros têm menos de dez mil habitantes, o que faz de prefeitos e vereadores presa fácil das artimanhas partidárias.

Assim, políticos locais do PT e do PSDB são incentivados a “trair” seus pré-candidatos a governador por contra da própria sobrevivência política. Os próprios pré-candidatos têm afagado os prefeitos em encontros regionais que antecederão as convenções partidárias em junho. Pimentel já se encontrou com prefeitos e vereadores em Ribeirão das Neves, Manhuaçu, Varginha, Vespasiano e Uberlândia, inclusive de partidos adversários do PT nas esferas estadual e federal.

Já o tucano Pimenta da Veiga, que estava afastado há 15 anos da política mineira, afirmar já ter se encontrado “com mais de 650 prefeitos” nessa pré-temporada eleitoral.

Siqueira avalia cenários antes de decidir rumo

O prefeito de Juiz de Fora, Bruno Siqueira (PMDB), sinaliza que falta muita conversa até se definir o rumo a tomar. “Nós estamos discutindo dentro do partido todas as hipóteses”, ou seja, bancar o pré-candidato da sigla ou coligar-se com o PT ou PSDB. Nos bastidores, o que se ouve é que dificilmente ele apoiaria Pimentel por causa de sua adversária Margarida Salomão (PT).

Na pequena Patis, no Norte do Estado, o prefeito Vinícius Versiani (PMDB) considera que “a seu tempo e hora isso vai ser decidido”. No exercício de seu primeiro mandato, ele veio a Belo Horizonte para a cerimônia de posse do novo governador do Estado. O vice dele, Jader Maurício Maia (PT), apoiará o candidato a governador de seu partido.

Versiani diz que a política é partidária e isso deve ser considerado. “Valorizo muito o partido, quero crescer com essa bandeira do PMDB”. Porém, ele admite que vai ser uma decisão da maioria. “Nesse período nada pode ser visto como definitivo. Há tempo para que algo mude, a política não é estática”.
Exemplo de Lula

Para o prefeito de Teófilo Otoni, Getúlio Neiva, o PMDB precisa ter candidatos aos governos estadual e federal. “Nos cansamos de ser rabo, queremos virar a cabeça”. Segundo ele, o partido perde força submetendo-se a acordo eleitoral com o PT ou o PSDB. “Calcular resultado é bobagem, o partido existe para lutar”.

Prefeito de Sabará, Diógenes Fantini cita o exemplo de Lula (PT) para a defesa da candidatura do PMDB ao governo. “É dever de todo partido fazer isso. O PMDB tem de acabar com esse negócio de coligação e ceder a cabeça de chapa. Lula fez isso e foi eleito presidente, na quarta tentativa”.

Para o prefeito de Matozinhos, Antônio Divino (PMDB), poucas siglas têm grandes nomes como o PMDB. Ele faz as contas para dizer que nas eleições o PMDB sairá das urnas mais forte. “Em Minas, elegemos 132 prefeitos e quase 1 mil vereadores em 2012, enquanto o PSDB elegeu 144 prefeitos, apenas”.
 

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