A presidente Dilma Rousseff exaltou nesta quinta-feira a criação de 4,8 milhões de empregos durante seu governo e afirmou que o desafio é garantir melhor qualificação profissional ao trabalhador e "empregos decentes". "Sabemos que a redução da desigualdade só é possível se a transformarmos em uma redução permanente da desigualdade, se garantirmos aos trabalhadores cada vez mais uma maior qualificação para gerar uma apropriação maior da renda", disse.
Dilma aproveitou o momento para assumir um tom de campanha eleitoral, alfinetando indiretamente o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP). "Sabemos que em épocas passadas do nosso País, nós não tínhamos de fato trabalho decente aqui no Brasil. Em épocas passadas qualquer emprego bastava, qualquer ocupação servia, e as pessoas viviam do trabalho informal, aquilo que se chama no nosso País de 'bico'", comparou. "Desemprego era um ameaça constante. Felizmente nosso país virou essa página", disse.
A crítica foi acompanhada pela afirmação de que o País atingiu uma "marca rara" de 20 milhões de empregos nos últimos 12 anos, a partir do governo do ex-presidente Lula. "Junto com o crédito e a valorização de políticas sociais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida", disse. "Esse é um processo que funciona como uma onda (aumento do emprego e renda). Todos no Brasil tiveram sua ascensão social, mas quem teve o maior crescimento de renda foram os mais pobres. Isso é importante sinalizar, porque a desigualdade no Brasil não foi conseguida com umas pessoas contra as outras", afirmou. "Enquanto no resto do mundo priorizava a redução da jornada de trabalho e dos direitos trabalhistas (nos anos 90), aqui temos uma situação diferenciada, temos as menores taxas de desemprego e a cultura da negociação (trabalhista)", exaltou.
As declarações fizeram parte do discurso de Dilma durante o lançamento da Campanha de Promoção do Trabalho Decente na Copa do Mundo de FIFA Brasil 2014, em cerimônia no Palácio do Planalto. "Colocamos no centro da Copa do Mundo a questão do trabalho decente não é porque a gente só faz isso na Copa. É porque a Copa é um momento especial em que você mostra ao mundo passos da sociedade brasileira no que há de mais importante para milhares de homens e mulheres", disse.
Copa das Copas
A presidente reconheceu, contudo, que falta melhorar as condições de trabalho das mulheres. "No caso das mulheres, nós sempre lembramos da necessidade de lutar por salário igual e trabalho. Essa é a base do trabalho decente para mulheres", avaliou. Dilma também colocou o fim do trabalho infantil como desafio para o País. "Não aceitamos que crianças e adolescentes em idade escolar tenham a obrigação de entrar no mercado de trabalho", disse.
Ela defendeu a Copa ao afirmar que o que ficaria para o País não são as obras, mas o esforço enorme de "transmitir energia" de povo hospitaleiro. "Ninguém que vem assistir a copa leva aeroporto, porto, estádio, obras", disse. "É a certeza de que esse é um país hospitaleiro", considerou. "Agora, os estádios, os aeroportos e as obras ficam para nós. Nós, sem dúvida, faremos a Copa da Copas", concluiu.