Privatização das rodovias: o governo talvez negue, mas pode ser viável

Do Hoje em Dia
26/10/2012 às 06:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:34

Na década de 1990, o governo se empenhou em convencer a população de que não havia outra saída para os problemas econômicos do Brasil que não a privatização de estatais. Os partidos que faziam oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso, sobretudo o PT, diziam que estavam sendo desvalorizadas, via baixas tarifas e falta de investimentos, empresas como as do Grupo Telebrás, para facilitar sua venda.

Quem examina atualmente o nível de investimentos e o estado em que foram deixadas nossas rodovias, conforme estudos da Confederação Nacional de Transportes (CNT), pode pensar que o Partido dos Trabalhadores está fazendo o que criticava na oposição. Naquele tempo, era difícil comprar telefone e a maioria da população estava fora do sistema. Não foi difícil, para o governo, convencer que a privatização seria benéfica. Hoje está muito difícil e arriscado transitar pelas rodovias, principalmente em Minas, onde os investimentos federais são ainda proporcionalmente menores que em outros estados.

Não será necessário muito esforço do governo Dilma Rousseff para deslanchar um programa de privatização de rodovias, sem causar grande clamor popular. Mesmo porque os partidos que lhe fazem oposição são favoráveis à gestão privada de bens públicos.

O governo talvez negue essa intenção. Mas como explicar que os investimentos federais visando à melhoria do transporte rodoviário, autorizados em mais de R$ 13,7 bilhões para 2012, tenham se limitado a apenas R$ 3,6 bilhões até julho? Só 27% do autorizado foram pagos. O resultado é que 62,7% das rodovias pavimentadas brasileiras se encontram em condições péssimas, ruins ou regulares, de acordo com pesquisa divulgada nesta semana pela CNT. No estudo anterior, referente a 2011, eram 57,%. A situação se deteriora.

Para um país que tem no transporte rodoviário o principal meio de escoamento do que produz, o panorama traçado pela entidade é desalentador. As melhores rodovias se encontram em São Paulo, onde o governo estadual está há anos sob o comando do PSDB, partido que promoveu grande programa de privatização das estradas. A CNT calcula que, para resolver o problema, seriam necessários investimentos de R$ 190 bilhões. É muito dinheiro para um governo que vem investindo tão pouco nessa área. E não são boas as perspectivas, pois o Plano Plurianual para o período que vai deste ano a 2015 prevê desembolsos de apenas R$ 82,7 bilhões para infraestrutura rodoviária.

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