Proposta de nova sede da prefeitura na Lagoinha abre disputa política em BH

Humberto Santos e Patrícia Scofield - Hoje em Dia
02/10/2013 às 07:09.
Atualizado em 20/11/2021 às 12:58

A audiência pública que discutirá a implantação do novo Centro Administrativo da Prefeitura de Belo Horizonte no bairro Lagoinha virou disputa entre a base e a oposição ao prefeito Marcio Lacerda (PSB). A bancada do PT marcou reunião para discutir o assunto na próxima sexta-feira (4) à noite. O vice-presidente da Câmara, Wellington Magalhães (PTN), apresentou e aprovou em tempo recorde outro requerimento para realizar mais uma audiência pública, no mesmo dia, só que pela manhã.

Um parlamentar que preferiu manter o anonimato conta que na audiência de Magalhães todos os representantes da prefeitura vão comparecer e esvaziar o encontro da oposição.

Os vereadores petistas Adriano Ventura, Arnaldo Godoy e Pedro Patrus apresentaram o requerimento 1.176 solicitando a audiência pública para discutir a “implantação do Centro Administrativo da PBH e as desapropriações dos imóveis conforme o decreto 15.252 de 28 de junho de 2013”. O decreto prevê que 20 lotes, com área de 14 mil metros quadrados, serão desapropriados no polígono formado pelas ruas Além Paraíba, Bonfim e Serro. O pedido foi protocolado em 12 de setembro.

Igual

Quatro dias depois, Magalhães apresentou o requerimento 1.788, como o mesmo teor da audiência proposta pelos petistas. No entanto, o pedido foi feito à comissão de Administração Pública, que tem maioria formada pela base de Lacerda, inclusive o presidente, professor Wendel (PSB). O requerimento foi aprovado ontem, em reunião extraordinária, que normalmente se reúne às quartas-feiras.

A audiência será na sexta-feira, às 9h30, na Câmara. A reunião da oposição, será às 19 horas, no salão paroquial da Igreja Nossa Senhora da Conceição, no bairro Lagoinha.

Enquanto a solicitação dos petistas convida apenas o secretário de Governo da prefeitura, Josué Valadão, a do vice-presidente convida seis secretários. “Vai todo mundo da prefeitura na audiência do Wellington. Vão nela e não vão na outra. Lá eles vão falar”, confidenciou um parlamentar.

Para o vereador Arnaldo Godoy (PT), Magalhães tenta “enfraquecer a crítica da oposição sobre a falta de diálogo do prefeito”.
 
Vice-prefeito Délio Malheiros promete diálogo com os moradores da região
 
O vice-prefeito Délio Malheiros (PV) afirmou ontem que o prefeito Marcio Lacerda irá conversar com os moradores da Lagoinha, apesar de não saber uma data para o possível encontro. Questionado sobre a falta de diálogo entre a PBH e os moradores, ele respondeu que “o decreto só tem cinco dias”. “Se o projeto tivesse sido apresentado antes para os moradores, teria negociação, especulação da área do terreno, e eles não iam querer”, disse. “Serão apenas 13 desapropriações e sempre terá quem não queira a obra, mas vamos pensar na cidade, na mobilidade da região, e na facilidade para quem quiser vir até à PBH, e não em um grupo apoiado por políticos radicais”.

Para Délio, os moradores da Lagoinha “têm que levantar a mão para o céu”. “O novo centro administrativo vai valorizar os imóveis da região, imagina quantos restaurantes não vão querer ir para lá. Já tem até servidor da PBH querendo morar na Lagoinha”, completou.

A previsão é de que o centro administrativo fique pronto em quatro anos e, conforme o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), vai custar cerca de R$ 300 milhões.

Audiências
 
O vice-presidente da Câmara, Wellington Magalhães, justifica a realização das duas reuniões no mesmo dia de forma inusitada. “Tem gente querendo aparecer, fazer palanque político. A Câmara, e não a Assembleia, é o local correto de se discutir isso”, diz o parlamentar. Na semana passada, os deputados estaduais realizaram audiência pública para discutir o assunto, mas só o secretário adjunto de Gestão Compartilhada participou da reunião. Nos bastidores, especula-se que Magalhães será candidato a deputado estadual em 2014.
 
Moradores não foram avisados
 
De acordo com a integrante do Movimento Lagoinha Viva, Teresa Vergueiro, que representa os moradores da região, eles não foram comunicados da audiência convocada pelo vice-presidente da Câmara. “É de mal gosto ele usar isso para fazer palanque. A gente só quer saber do nosso bairro. Há quinze dias, eles se negou a compor a mesa de uma audiência nossa e agora vem com essa”, afirma.

“Não posso deixar de fazer uma audiência aqui na Lagoinha, marcada há duas semanas, para ir em uma lá na Câmara. Se Magalhães quer fazer política, demonstra o pior: que ele não quer ajudar”, acrescenta Teresa.
Outro integrante do Lagoinha Viva, Oscar Gonçalves, critica a postura de Magalhães enquanto vereador da Regional Nordeste e da falta de diálogo da PBH.

“Ele se intitula como representante da Nordeste e convoca uma audiência sem sequer nos comunicar? E não importa quantos secretários municipais irão na nossa reunião dele. O que queremos é que o prefeito venha aqui conversar conosco. Ficamos sabendo pela mídia e com o decreto das desapropriações”.

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