Enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) e o vice Michel Temer (PMDB) tentam, com a ajuda dos líderes de seus partidos, superar as dificuldades reinantes entre as duas siglas no governo e no Congresso Nacional, em Minas Gerais o PSDB crava uma cunha que pode balançar a aliança entre os dois maiores partidos do país em torno da disputa pelo governo do Estado. O presidente do diretório estadual do PSDB, deputado federal Marcus Pestana, propôs nesta segunda-feira ao PMDB uma aliança eleitoral que prevê a discussão em torno de um programa de governo para Minas Gerais. Ele garantiu que essa parceria iria se espelhar na composição do futuro governo e na presença do PMDB na chapa majoritária. “Divergëncias existem, alguns são mais próximos e mais simpáticos à liderança de Aécio. Outros cumprem seu papel de interlocutores da oposição em Minas, mas o importante é ter a visão do futuro. E foi só uma conversa embrionária,”explicou Pestana. “Há um campo de conversa para a construção de uma aliança com vistas para o futuro, vim exatamente materializar este convite e abrir esta porta para o diálogo”, completou. A proposta de entendimento foi feita durante visita à sede do diretório estadual do PMDB, em Belo Horizonte, onde o tucano se reuniu com deputados estaduais e federais, além dos dirigentes das alas Jovem, Mulher e Afro do PMDB. Os peemedebistas presentes destacaram o desejo do partido de lançar candidato próprio ao governo de Minas Gerais. Em referência ao presidenciável Aécio Neves, o tucano disse que não há projeto nacional que possa prescindir do PMDB. “Seja qual for o governo, ele tem de buscar apoio e a cooperação do PMDB”. Pestana lembrou que o PMDB tem o maior número de filiados no país e carrega o carisma da luta pela democracia. “O PSDB é a costela do PMDB, que nasceu na Constituinte”. O tucano disse que respeita a autonomia e a decisão do PMDB, mas insistiu no convite para que se integrem ao “projeto” do presidenciável Aécio Neves, um “movimento que visa recolocar Minas no centro das decisões nacionais”. Questionado se as vagas de vice ou senador poderiam ser preenchidas por nomes do PMDB, Pestana afirmou:” Toda parceria tem de ter raízes profundas. Tem de ter solidez. Então vamos discutir programa, coligação proporcional, participação no governo e participação na chapa majoritária”. E finalizou. “A parceria tem de ser boa para todos, tem de ser na base do ganha-ganha”. O dirigente tucano insistiu que “o PMDB tem muito mais afinidade com o PSDB do que com o PT, no conteúdo e no método”. O presidente estadual do PMDB, deputado federal Saraiva Felipe, disse que nos encontros regionais da sigla a posição majoritária é “a linha da candidatura própria”. Para secretário-geral, PT é o melhor parceiro Coube ao secretário-geral do PMDB-MG, deputado estadual Sávio Souza Cruz, destacar que o PSDB foi o adversário do PMDB nas últimas quatro eleições em Minas Gerais. “Nosso passado não autoriza convergir para o PSDB”, disse. “Nas últimas reuniões da Executiva do PMDB, a decisão foi de continuar na oposição no estado. Foram 100% dos votos para que se mantivesse na oposição ao governo do PSDB. Ele destacou que o PMDB esteve na vanguarda da luta contra o projeto de hegemonia política do PSDB. “Partidos não são birutas de aeroporto, não podem se mover pelos interesses momentâneos”, disse o secretário, ao desfiar as razões que levaram o PMDB a se contrapor ao PSDB por 20 anos. “Defendo a candidatura própria do PMDB nos planos federal e estadual, mas precisa convergir com o PT”, asseverou. Segundo ele, recentemente o PSDB entrou com três ações na Justiça eleitoral contra a propaganda política do PMDB no horário gratuito. “Perdeu”, disse. Conversas O presidente Saraiva Felipe disse que já se reuniu com dirigentes do PCdoB, PPL, PSB, PSD e PROS. “Estamos conversando com outros partidos. Curiosamente, não fomos procurados por ninguém do PT, nem pelo candidato (Fernando Pimentel) e nem pela executiva estadual do partido”. Ele reiterou que o desejo das bases é pela candidatura própria. “Em 17 estados, o PMDB não irá caminhar com o PT”, completou.