O líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (PT-AC), entregou uma representação à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que a operação "Lava Jato" investigue possíveis crimes cometidos antes de 2003, ou seja, antes do início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A peça foi entregue também à diretoria da Polícia Federal e ao Ministério da Justiça e toma por base declarações do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco feitas durante delação premiada. "Para fazer uma investigação à luz do dia, que de fato ponha as cartas na mesa, não se pode omitir absolutamente nada. Qualquer omissão numa hora dessa gera muitas desconfianças", disse Machado, ao deixar o STF.
O PT alega que Barusco disse ter começado a receber propina em 1997, época em que teria aberto a primeira conta na Suíça para depositar os valores. Para o partido, a investigação se atentou apenas ao período posterior a 2003 apesar das declarações. "Tem riqueza de perguntas do delegado quando o assunto vem a partir de 2003. E uma pobreza absurda de perguntas antes de 2003. Então que se repita as mesmas perguntas pelo menos", reclamou o líder do PT.
A representação pede que Ministério Público, Polícia Federal e Ministério da Justiça instaurem uma investigação para apurar crimes declarados por Barusco antes de 2003 e, caso já tenham começado o procedimento, pede acesso ao resultado. O líder do PT pretende usar a ampliação das investigações na CPI que investigará o esquema de corrupção na Petrobras.
Na peça, o parlamentar alega que os agentes de investigação têm atuado "de maneira parcial, dirigida e ilegal, com a nítida intenção de apenas apurarem o período de 2003 em diante, utilizando o procedimento investigatório com fins político-partidários, com o único objetivo de isentar de responsabilização quaisquer ilícitos perpetrados em período anterior a 2003, ou seja, durante o governo FHC (Fernando Henrique Cardoso, do PSDB)".
Sibá Machado entregou a representação à vice-procuradora-geral da República, Ela Wiecko, na tarde desta quarta-feira (11). Segundo o deputado, ela garantiu que encaminhará o documento ao procurador-geral, Rodrigo Janot, assim que este retornar dos Estados Unidos.