(Reprodução/Policia Federal)
O auditor fiscal Flávio Correa Prado afirmou que a Receita vai rastrear os clientes que pagaram R$ 700 milhões a empresas que lavaram dinheiro para o consórcio SOMA (Soluções em Meio Ambiente), prestador de serviço de limpeza urbana em São Paulo e alvo da Operação Descarte. As empresas emitiram R$ 900 milhões em notas fiscais com indícios de fraude.
"Desses R$ 900 milhões, R$ 200 milhões já foram confirmados. R$ 200 milhões foram só para empresas de coleta de lixo e limpeza. O restante, os outros R$ 700 milhões, nós vamos averiguar o quanto desses valores foram notas fiscais fraudulentas e rastrear todos os clientes do esquema, além dessas empresas que nós já identificamos", afirmou o auditor fiscal.
O consórcio, segundo a investigação deflagrada na quinta-feira, 1, usou botas, sapatênis, bonés, uniformes, tintas, sacos de lixo e detergentes para lavar R$ 200 milhões. A Polícia Federal identificou que o consórcio fazia aquisições falsas das mercadorias e chegou a simular a compra de R$ 14,27 milhões em sacos de lixo, entre 2014 e 2016.
"O consórcio SOMA não é o único cliente, por assim dizer, dessa organização criminosa. De um lado, nós temos o consórcio SOMA e de outro lado nós temos esse pool, esse conjunto de seis grupos empresariais que presta serviços de lavagem de dinheiro ao consórcio SOMA e a outras empresas. A gente acabou focando no consórcio SOMA para delimitar as investigações. Nada impede que outros grupos sejam investigados agora na segunda fase. Tanto pela Polícia Federal quanto pela Receita", aponta o delegado da PF Victor Hugo Rodrigues Alves Ferreira - chefe da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros da PF em São Paulo.
A PF vai direcionar parte da investigação para suposto envolvimento de servidores públicos. "Não está descartada a hipótese de parte desse dinheiro que saiu do consórcio SOMA e transitou por essas dezenas de contas das empresas de fachada ter sido destinada ao pagamento de servidores públicos. Essa é uma das linhas de investigação. Embora a gente ainda não tenha prova disso, a partir de agora a gente vai focar também nessa linha."
Parte do dinheiro lavado teria sido usada pelos donos de empresas que compõem seis grupos econômicos para comprar bens de luxo. Uma Ferrari de R$ 3 milhões e uma Masserati de R$ 900 mil foram compradas com a conta de uma empresa que está registrada em nome de "laranja", segundo a PF. O "laranja" confessou que recebia R$ 2 mil para emprestar o nome para a organização criminosa.
Os investigadores, agora, querem saber se Prefeitura de São Paulo foi lesada. "A gente vai começar a apurar agora também. É uma das possibilidades, ele (Grupo SOMA) tem inflado as despesas deles para cobrar mais da Prefeitura. Como eu disse, o contrato, eles auferiram R$ 1,1 bilhão. Só que R$ 200 milhões foram destinados ao pagamento de produtos que não existiam", assinala Victor Hugo.
Defesa
A assessoria de imprensa do Consórcio SOMA informa que "o Consórcio SOMA cumpre todas as exigências legais e que está prestando todas as informações solicitadas pela Polícia Federal".
A Prefeitura de São Paulo diz não ter nada a comentar porque a operação da Polícia Federal não envolve a gestão municipal.
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