
A possibilidade de renúncia do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) em troca do adiamento da votação do seu processo de cassação foi discutida na noite deste domingo (11) na casa do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Estavam presentes dois dos principais auxiliares do presidente Michel Temer, o ministro Geddel Vieira Lima (Governo) e o secretário de Parcerias e Investimentos, Moreira Franco, que é sogro de Maia.
O presidente da Câmara convidou parlamentares e outras pessoas para um rodízio de pizza na sua residência oficial, no Lago Sul de Brasília. Entre os convidados estavam adversários e aliados de Cunha, como o advogado Marcos Joaquim Gonçalves Alves, que defende Cunha há anos, e o deputado Arthur Lira (PP-AL).
De acordo com relatos, Rodrigo Maia foi questionado se, com a possível renúncia de Cunha, haveria chance de ele adiar a votação da cassação, marcada para as 19h desta segunda-feira (12).
Isso porque, segundo a área técnica da Câmara, a renúncia de um parlamentar que sofre processo de cassação tem seus efeitos suspensos até a conclusão do caso. A intenção de Cunha, segundo aliados, é estender ao máximo o benefício do foro privilegiado, evitando o deslocamento de seus processos do petrolão do Supremo Tribunal Federal para o juiz Sergio Moro.
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Nesse cenário, a renúncia poderia estimular o esvaziamento da sessão e o seu consequente cancelamento.
Aliados de Cunha dizem ainda que o deputado afastado tem dado sinais a Maia de que pode incriminar Moreira Franco em eventual delação premiada, caso não receba auxílio do atual presidente da Câmara.
Rodrigo Maia afirmou à reportagem que a única pergunta feita a ele por aliados de Cunha no jantar foi sobre ele manter a palavra de só abrir a sessão desta segunda com a presença de pelo menos 400 dos 513 deputados. Ele disse que manteria o compromisso, que já foi dito por ele publicamente. Sobre a possibilidade de renúncia de Cunha, ele negou que assunto tenha sido abordado.
Geddel diz que ficou pouco tempo no jantar e que não ouviu esse tema ser tratado. Cunha, por sua vez, afirmou que não está sabendo dessa articulação e que a posição dele de não renunciar ao cargo é "clara".
"Não toquei nesse assunto, até porque não sou deputado. Era uma coisa social, as mulheres estavam junto. Não era pra tratar de política", disse Moreira Franco.