"Se quiserem me cassar, cassem", diz tucano após discurso sobre "ladrões"

Gabriela Guerreiro - Folhapress
31/10/2012 às 17:38.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:45

BRASÍLIA - Depois de chamar os senadores de "ladrões" e "corruptos"", o senador Mário Couto (PSDB-PA) voltou nesta quarta-feira (31) à tribuna do Senado para desafiar os colegas a cassarem o seu mandato.

Cobrado por senadores a divulgar os nomes de quem são os "ladrões" na Casa, Couto se recusou a apontar quem seriam os parlamentares que enriqueceram de forma ilícita. "Não citei nomes pelas regras do regimento interno, não por covardia. Se quiserem me cassar, cassem. Não me permito conviver aqui com senadores que sei que a desigualdade econômica é muito alta em relação a outros que vivem com dificuldade, como eu", afirmou.

Couto fez discurso depois que os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Pedro Taques (PDT-MT) pediram no plenário para o tucano listar quem seriam os "ladrões". "A imunidade parlamentar pressupõe responsabilidade. Nós já sofremos muito nessa Casa. Sangramos esse ano com a cassação de mandato de um colega, e eu penso que enxovalhar generalizadamente a Casa e a instituição não é um bom serviço", disse Ana Amélia.

O tucano prometeu encaminhar ofício ao STF (Supremo Tribunal Federal) com pedido para a corte "desengavetar" processos contra deputados e senadores. Couto disse que as "baratas do STF vão roer folha por folha dos processos" porque estão há anos parados para análise do tribunal. "Julguem com bastante rapidez esses processos que há mais de três, cinco anos, se encontram lá. Essa é a grande hora de aproveitarmos", disse.

Couto chegou a trocar farpas com a senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), que presidia a sessão. Ao ser citado por Ana Amélia, pediu a palavra e bateu boca com a senadora amazonense até conseguir falar --já que Vanessa ocupava a presidência do Senado no momento dos discursos.

Couto foi eleito em 2006 para o Senado, quando declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de 598,8 mil. Apesar das críticas aos colegas, ele é alvo de inquérito no STF por suspeita de crime eleitoral.

Segundo o site Transparência Brasil, ele também é alvo de ações civis públicas para ressarcimento de danos ao erário e por improbidade administrativa.

Ladrões

Em discurso na terça-feira no plenário, o tucano disse que tem vontade de "cuspir na cara" de alguns senadores que enriqueceram "sem nunca terem sido nada na vida".

Sem citar nomes, Couto disse que há senadores que têm jatos particulares, casas luxuosas e "50 mil bois no pasto" sem condições de comprovar o seu patrimônio. "Eles estão livres, andando dentro do parlamento, fazendo projetos perto de todos os outros senadores", disse.

Grazziotin e a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) pediram que a Mesa Diretora do Senado tome providências contra o senador.
 

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